Não será assim entre vocês. Ao contrário,
quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser
ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Mateus 20.26-28
Quando Jesus veio a esta terra, não assumiu
uma posição na realeza. Ao contrário disso, tornou-se um servo.
A palavra traduzida por "servo"
vem do vocábulo grego "doulos", que significa "prender",
trazendo a idéia de uma pessoa que está presa à outra, um escravo, alguém
entregue à vontade de outrem ou um escravo dedicado à vontade de seu senhor a
ponto de desconsiderar os próprios desejos e interesses.
Jesus humilhou-Se, assumindo a forma humana,
e tornou-Se Servo (Isaías 53.11). Ele abriu mão de Sua própria vontade em prol da
vontade e do plano divino. Não buscou realizar nada à Sua maneira. Estava tão
comprometido em cumprir a vontade do Pai que não Se preocupou nem valorizou a
própria vida.
Como Servo de Deus, Jesus estava
"preso" ao Senhorio Dele. Viveu apenas para glorificar a Deus, sem
jamais exaltar a Si mesmo. Em vez disso, reconheceu publicamente que era
dependente do Pai. Ele disse: "Por mim mesmo, nada posso fazer". E:
"O Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai
fazer" (João 5.19). Disse ainda: "O Pai, que vive em mim, está
realizando a sua obra" (João 14.10). Afirmou também: "Não estou
buscando glória para mim mesmo" (João 5.30,19; 14.10; 8.50).
Sabendo que a vontade do Pai era que Ele,
Jesus, sofresse e morresse, nosso SENHOR caminhou até Jerusalém, obediente como
um escravo, como um cordeiro mudo, sem abrir a Sua boca. Passou a vida
satisfazendo as necessidades de outros. Como Servo de Deus, sabia que Sua vida
não lhe pertencia, e sim ao Pai - realizou a vontade do
Pai: curou os doentes, abriu os olhos dos cegos, fez coxos andar, devolveu a
audição aos surdos, ressuscitou mortos.
Em contraste com a Sua grande humildade
e Seu desejo de servir aos outros, vemos a realidade do desejo inerente à
natureza pecaminosa do ser humano, que deseja ser o primeiro, o maior, o
melhor; numa constante busca por reconhecimento, aceitação, realização e
sucesso.
Jesus prometeu aos discípulos que eles se
assentariam em doze tronos com Ele em Seu Reino. Enquanto caminhavam rumo a
Jerusalém, pensando haver chegado a hora em que Cristo iria estabelecer o Seu
Reino na terra, eles começaram a discutir sobre quem receberia os lugares de
maior honra. Isso gerou muita discussão ao longo do caminho.
Quando chegaram a Cafarnaum, Jesus
perguntou-lhes: "O que vocês estavam discutindo caminho"? (Marcos
9.33). Os discípulos, envergonhados, não responderam - não queriam que Ele
soubesse que estavam discutindo a respeito de quem seria o maior entre eles. O
Mestre, no entanto, sabia o que estava no coração deles. Então os reuniu e
disse-lhes: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de
todos" (Marcos 9.35).
Eles ouviram as palavras de Cristo, porém o
desejo de ser o principal era tão forte que a discussão ainda continuou. Em
outra ocasião, depois que Tiago e João pediram uma posição de destaque ao lado
de Jesus no céu, os outros dez discípulos ficaram "indignados"
(Mateus 20.24). Mostraram-se enciumados e revoltados com a ousadia dos dois "folgados" irmãos.
Na noite em que Cristo Se ofereceu como
sacrifício pelos pecados do mundo, os discípulos ainda estavam debatendo a
respeito de quem seria o maior no Reino de Deus (Lucas 22.24).
E vergonhosamente, exatamente assim nós, a
nossa velha natureza mundana tende a ditar as ordens, e valorizar o fugaz, o
efêmero, as posições de destaque, o brilho dos holofotes em detrimento aos
valores espirituais e eternos.
"Não trabalhem pela comida que se
estraga, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do
homem lhes dará"
(João 6.27).
"Cuidado com os mestres da lei. Eles
fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças e
de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos
banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas
orações. Esses receberão condenação mais severa"!
(Marcos 12.38-40).
"Quando você for convidado, ocupe o
lugar menos importante, de forma que, quando vier aquele que o convidou,
diga-lhe: ‘Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado
na presença de todos os convidados. Pois todo o que se exalta será humilhado, e
o que se humilha será exaltado" (Lucas 14.10,11).
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