Terei misericórdia de quem Eu quiser ter
misericórdia e terei compaixão de quem Eu desejar ter compaixão.
Romanos 9.15
Na maioria das vezes, os que são chamados por
Deus para ministrar, geralmente são orientados a "levantar" – colocar-se diante
do SENHOR para realizar, desempenhar, executar a obra, tarefa para a qual foram
designados:
"A
mão do Senhor esteve ali sobre mim, e ele me disse: Levante-se e vá para a planície,
e lá falarei com você" (Ezequiel 3.22).
Com o profeta Jonas, porém, foi diferente, ao
receber a ordem: "Levanta-te, vai à grande Cidade de Nínive" (Jonas 1.2); ele
realmente se levantou e saiu, mas para a direção oposta (Jonas 1.3) – ao invés
de subir, preferiu descer e foi para Jope, em um navio, para a parte mais baixa
da embarcação (Jonas 1.5), de onde foi parar no mar (Jonas 1.15) e acabou na
barriga de um grande peixe (Jonas 1.17).
Depois de encontra-se com Deus, no local mais
improvável, o ventre do peixe, Jonas concordou, embora relutante, em ir à
Nínive pregar. Seu sermão era curto e objetivo, mas não era difícil perceber
seu real objetivo. Algumas vezes, os profetas de Deus proferiam juízos
acompanhados de profundos apelos, que de maneira explícita ou implícita sugeriam
que o arrependimento poderia reverter o julgamento determinado (Deuteronômio
29.10 – 30.10; 2 Samuel 12.13; Amos 7.1-6). Certamente Deus objetivava que
Jonas pregasse com esse espírito de arrependimento (Jonas 3.2), pois, assim que
a cidade acatou o apelo (Jonas 3.10), Ele revogou imediatamente a sentença
contra Nínive. O próprio rei de Nínive compreendeu que Deus poderia perdoar
aqueles que verdadeiramente se arrependessem, independentemente de quem fossem
(Jonas 3.7-9).
Mas, Jonas queria mesmo era ver a destruição
de Nínive (Jonas 3.4) e na verdade, esperava que suas palavras se cumprissem,
ficando do lado de fora da cidade (Jonas 4.5). Deus porem, respondeu a Jonas
com uma lição sobre o perdão; embora não sabemos ao certo se fora compreendida
por ele ou não, tendo em vista que a pergunta do SENHOR não fora respondida no
final do Livro (Jonas 4.11).
Então, a profecia proferida por Jonas contra
Nínive (Jonas 3.4) não se cumpriu, pelo menos naquela época. Está claro que
Jonas era favorável às aspirações políticas e nacionalistas do seu povo. Pois,
se a maior cidade inimiga de Israel naquele tempo (Nínive) fosse destruída, as
riquezas de Israel continuariam a prosperar absoluta, sem concorrência
antagônica – se por outro lado, Nínive fosse poupada do julgamento divino, mais
dias ou menos dias o rei assírio expandiria suas fronteiras para o oeste, "desde
a entrada de Hamate", conseqüentemente conquistando a Israel. Visando o melhor
para os seus compatriotas, Jonas não queria dar oportunidade para que Nínive se
arrependesse e tivesse chance de ser, portanto, poupada da destruição.
O ministério profético de Jonas foi
direcionado não apenas à Nínive, mas indiretamente a si próprio – se bem
observarmos, talvez o maior milagre relatado no Livro de Jonas não seja a sua sobrevivência
no ventre do peixe, nem Deus ter poupado aos assírios do castigo de destruição,
mas sim Deus ter pacientemente usado e salvo alguém tão obstinado, raso de
profundidade espiritual e de tão curta visão como o próprio Jonas.
Que grande exemplo essa ilustração para nós,
que nos sentimos tão semelhantemente e vergonhosamente iguais ao profeta, em
nossos cegos egoísmos, torcendo para que a misericórdia divina seja maior sobre
nós mesmos, esquecendo-nos muitas vezes de olhar ao nosso redor, de compadecer,
interceder e orar pelos que fazem fronteira conosco. Que o SENHOR nos dê
coração e olhar semelhantes aos Dele, oremos agradecidos em o Nome Santo do
SENHOR Jesus!