Quem tem muitos amigos pode chegar à ruína,
mas existe amigo mais apegado que um irmão.
Provérbios 18.24
Ao derrotar Golias, Davi se transforma em
herói dos hebreus, o povo promoveu um desfile para espalhar rapidamente a
notícia, cantando: "Saul matou milhares e Davi, dezenas de milhares"
(1 Samuel 18.7).
Saul se torna ácido como limão, sua ira
explode como o vulcão Etna, passa agora a observar Davi em rédeas curtas
"dali em diante" (18.9). O rei já há muito tem a alma perturbada,
propensa a ter acessos de raiva, suficientemente louca para atirar pedras na
lua. A popularidade de Davi o irritou, exacerbou o humor de Saul. "Encravarei
Davi na parede" (18.11).
Saul tenta matar o menino prodígio de Belém
em seis ocasiões. Primeiro, ele dá a Davi sua filha Mical em casamento. Até aí
parece ótimo, até constatarmos sobre o brutal preço que Saul exigiu pela noiva:
O prepúcio de cem filisteus. Sem dúvida, um dos filisteus matará Davi, assim
ele espera, mas não é o que acontece. Davi é mais duro do ele imagina, dobra a exigência
e volta com a prova (18.25-27).
Saul não desiste; ordena agora aos seus
servos e a Jônatas que matem Davi, mas eles se recusam a fazê-lo (19.1). Ele
tenta encravá-lo com a lança outra vez, mas não consegue (19.10). Então envia
mensageiros à casa de Davi para o matarem, mas Mical, sua esposa, o faz descer
por uma janela. Davi, o papa-léguas, fica mais uma vez, um passo à frente do
coiote Saul.
Davi tenta entender a raiva de Saul, o que
ele fez afinal, senão o bem? Ele, através da música trazia paz ao espírito
atormentado de Saul, com suas vitórias promovia a esperança à nação enfraquecida,
com sua humildade conquistou a simpatia de todo o povo israelita. Ele "tinha êxito em tudo o que
fazia" (18.14). "Todo o Israel e todo o Judá, porém, gostavam de
Davi" (18.16). Davi "tinha mais habilidade do que os outros oficiais
de Saul e assim tornou-se ainda mais famoso" (18.30).
Contudo, Saul continua irado, recompensando
os feitos de Davi com lanças voadoras e planos para assassiná-lo. Entendemos perfeitamente
as pertinentes perguntas que Davi faz a Jônatas: "O que foi que eu fiz?
Qual foi o meu crime? Qual foi o pecado que cometi contra seu pai para que ele
queira tirar a minha vida?" (20.1).
Mas não há resposta para dar, pois, quem
pode justificar a raiva de um Saul?
Quem sabe por que um pai injustamente
atormenta um filho, uma esposa desdenha o marido, um marido humilha
publicamente ou espanca a esposa, um chefe persegue os funcionários e joga uns
contra os outros? Mas é exatamente o que mais acontece. Ditadores torturam, patrões seduzem,
ministros abusam, sacerdotes molestam, os fortes e poderosos controlam, subjugam e enganam os fracos, vulneráveis e inocentes. Os Sauls da vida, ainda
hoje perseguem os Davis.
Como Deus lida com tais casos? Aplica o
castigo merecido? Em algumas vezes, torcemos muito para que Ele faça isso. Ele
tornou-Se conhecido por acabar com alguns Herodes e faraós, fez alguns Nabucodonozores
aprenderem a lição! Não podemos dizer como Ele cuidará dos nossos. Mas
certamente Ele nos enviará um Jônatas, assim como enviou Simão Cirineu a Seu
Filho Jesus.
Deus simplesmente responde à crueldade de
Saul com a lealdade de Jônatas. Jônatas poderia ter ficado tão enciumado quanto
Saul, como filho do rei, ele preparava-se para herdar o trono, também tinha razão
para se sentir ameaçado por Davi, mas não foi assim, pelo contrário, ele era
generoso. Isto porque a mão do Todo Poderoso tomou seu coração e o de Davi e
fez uma emenda entre eles. "Surgiu tão grande amizade entre Jônatas e Davi
que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo" (18.1).
No dia em que Davi derrota Golias, Jônatas
jura a ele sua leal amizade.
E Jônatas fez um acordo de amizade com
Davi, se tornara o seu melhor amigo. Jônatas tirou o manto que estava
vestindo e o deu a Davi, com sua túnica, e até sua espada, seu arco e seu cinturão
(18.3,4).
Então ele procura agora proteger Davi. Quando
fica sabendo dos planos de Saul, Jônatas avisa seu amigo, quando Davi está em
perigo, ele o esconde, mantém Davi informado do perigo: "Meu pai está procurando
uma oportunidade para matá-lo. Tenha cuidado amanhã cedo. Vá para um
esconderijo e fique por lá" (19.2).
Jônatas faz uma promessa a Davi e dá-lhe
roupas e proteção. "Existe amigo mais apegado que um irmão"
(Provérbios 18.24). Davi encontrou tal amigo no filho de Saul.
Como é bom e necessário ter um amigo como
Jônatas, fiel e confidente que nos protege e não procura nada além do nosso
bem, que só quer a nossa felicidade. Um aliado que nos permite ser exatamente
quem somos, que nos transmite segurança e autenticidade, onde não é preciso
pesar pensamentos ou medir palavras, pois sabemos que ele separará o joio do
trigo, reterá o que é importante e, com um sopro de bondade e compreensão eliminará
o restante, sem melindres ou recalques. Deus deu a Davi esse amigo, e Ele deu Um
a nós também. Davi encontrou um companheiro em um príncipe de Israel; nós
podemos encontrar um amigo no Rei de Israel, Jesus Cristo. Ele fez uma aliança conosco,
entre suas últimas palavras aqui verbalizadas estão as seguintes: "Eu
estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" (Mateus 28.20).
Ele também nos oferece e cobre-nos com
vestes adequadas para o céu "roupas brancas para que você cubra a sua vergonhosa
nudez" (Apocalipse 3.18).
Na verdade, Ele vai além de Jônatas. Ele
não apenas nos dá o próprio manto; mas Ele próprio veste-Se com nossos trapos
de imundície e toma o nosso lugar. "Deus tornou pecado por nós aquele que
não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus" (2 Coríntios
5.21).
Por Ele somos convidados a vestirmos de
toda a armadura de Deus, para podermos permanecer firmes contra as ciladas do
Diabo (Efésios 6.11).
Nele encontramos um amigo verdadeiro, e por
causa disso, temos uma escolha. Podemos concentrar-nos nos Sauls ou nos
Jônatas, ponderarmos sobre a malícia dos nossos monstros e carrascos ou a bondade
do nosso Mestre e SENHOR.
De seu arsenal, Deus nos dá o cinto da
verdade, a couraça da justiça, o escudo da fé e a espada do Espírito, que é a
Palavra de Deus (vv. 13-17).
Assim como Jônatas protegeu Davi, Jesus
promete proteger-nos.
"Eu lhes dou a vida eterna e elas
jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão" (João 10.28).
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