quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Alegria do SENHOR


 Entristecidos, mas sempre alegres;

                     2 Coríntios 6.10

Há um poema que traduz muito bem este versículo:
A Tristeza era bela, mas sua beleza era como a do luar, quando passa através dos ramos das árvores na mata e forma pequenos desenhos de prata no chão.
Quando a Tristeza cantava, suas notas soavam tristes como o gorjeio do rouxinol, e os seus olhos denotavam o ar de quem cessou de esperar pela alegria. Ela sabia muito bem, compadecer-se dos que sofrem e chorar com os que choram; mas era-lhe impossível alegrar-se com os que se alegram.
A Alegria também irradiava rara beleza, sempre luminosa e vibrante como uma manhã de verão. Seus olhos traziam o riso puro e ingênuo da doce infância, e seus cabelos reluziam o brilho do sol.
Quando a Alegria cantava, sua voz alçava aos ares como o doce cantar da cotovia, e seus passos eram como o caminhar do vencedor que jamais experimentou derrota. Ela sabia como ninguém alegrar-se com os que se alegram, mas jamais chorava com os que choram, isto era-lhe desconhecido.
- Nós nunca poderemos estar unidas, disse a Tristeza pensativa.
- Não, nunca estaremos juntas, afirma a Alegria com seriedade. O meu caminho atravessa campos ensolarados; as roseiras mais lindas e coloridas florescem quando eu passo, para que as colha e sorva seu perfume suave, e os melros e tordos esperam minha passagem, para derramar seus mais alegres trinados, que enchem o ar com seus acordes.
- O meu caminho, disse a Tristeza afastando-se vagarosamente, atravessa a mata sombria; minhas mãos só podem acariciar as flores noturnas. Contudo, toda a beleza e valor que a noite encerra me pertencem! Adeus, nobre Alegria, adeus!
Quando acabou de falar, ambas tomaram consciência de uma Presença próxima, que as observava; indistinta, mas com um aspecto de realeza. E uma atmosfera de reverencia e santidade as acolheu que as fez ajoelharem-se e curvarem-se perante Ele.
- Eu O vejo como o SENHOR, o Rei da Alegria, murmurou confusa a Tristeza, pois sobre a Sua cabeça estão muitas coroas, e as marcas das Suas mãos e pés são sinais de distinto amor e grande vitória. Diante dele toda a minha nostalgia está se transformando em devoção, amor e alegria indizível e eu me rendo e me entrego a Ele para sempre!
- Não, Tristeza, sussurrou embasbacada a Alegria, eu o contemplo como o Rei da dor; Sua coroa é de espinhos, e as marcas das Suas mãos e pés são rastros de grande e profunda agonia. Eu também completamente me dou a Ele para sempre, pois a tristeza com Ele é muito mais doce que qualquer estágio da minha alegria.
Então, Nele, nós somos únicas, exclamaram admiradas e com júbilo; pois somente Ele poderia unir Alegria e Tristeza indistintamente.
De mãos dadas, saíram saltitantes a bailar pelo mundo, para segui-Lo na tempestade e na bonança, na desolação do frio inverno e na disposição do quente e irradiante verão.

Entristecidos, mas sempre alegres! São assim os Seus seguidores...

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