Eu a edificarei com turquesas, edificarei seus
alicerces com safiras. Farei de rubis os seus escudos, de carbúnculos as suas
portas, e de pedras preciosas todos os seus muros.
Isaías 54.11,12
As pedras orgulhosas e tagarelas argumentam
entre si: Viemos de das distantes montanhas, extraídas dos flancos escarpados
dos grandes montes. O calor do sol e o frio das chuvas solaparam e deram contra
nós, por longos e intermináveis séculos, mas só conseguiram nos tornar mais
rijas e resistentes.
Diligentes mãos humanas nos talharam,
entalharam, moldaram e nos transformaram em habitação, onde abrigam os filhos
de sua imortal raça ao nascerem, alí crescem, festejam, sofrem, alegram-se, descansam,
encontram proteção e refrigério, onde perpetuam ensinamentos e lições recebidas
pelo supremo Criador.
Mas até chegarmos aqui, passamos por muitas
etapas: a pólvora nos rasgou e dilacerou nosso coração, picaretas de humanos
operários nos fenderam, quebraram e estilhaçaram nossos rijos músculos, num
barulho frenético, ensurdecedor... O que nos parecia um inconsequente absurdo
sem propósito, sem razão e sem sentido, a nós inertes, informes, acomodadas em
nossa pedreira... Mas aos poucos, bem devagar fomos moldadas, cortadas em
blocos cada vez menores, revelando a arte abstrata que a própria natureza pelos
sábios dedos do Criador em nós desenhou; algumas de nós fomos trabalhadas por
ferramentas especiais e precisas, adquirimos ângulos diversos, para agradar os
olhos dos nossos apreciadores... Agora, porém, já completas nos tornamos
objetos de valor; cada uma de nós ocupa seu próprio nicho no mosaico da
construção desse grande, multiforme e colorido universo, feito uma imensa colcha de retalhos.
Deste monólogo “pedristico”, podemos
concluir que ainda nos encontramos na pedreira, informes... Talvez seja essa a
razão dos embates que sofremos e que nos parecem inexplicáveis, descabidos e desnecessários...
Mas somos destinados a um edifício de importância vital, em um dia não muito
distante seremos colocados nele por mãos divinas, seremos transformados,
moldados numa pedra viva, num templo celestial.
"Olhem para a rocha da qual foram
cortados e para a pedreira de onde foram cavados" (Isaías 51.1).
"Na construção do templo só foram
usados blocos lavrados nas pedreiras, e não se ouviu no templo nenhum barulho
de martelo, nem de talhadeira, nem de qualquer outra ferramenta de ferro
durante a sua construção" (1 Reis 6.7).
"Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o
edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele
vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus
por seu Espírito" (Efésios 2.20-22).
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