Deus busca promover um
diálogo, um envolvimento social entre as pessoas, entre os amigos e companheiros
de jornada, busca golpear e erradicar um câncer que nunca foi extirpado da
nossa espécie. Um câncer que teima em criar raízes até nos ambientes mais
inesperados: o racismo e a discriminação. Observemos a dimensão da
palavra "Pai" e a abrangência da palavra "Nosso":
Pai de quem? Dos judeus?
Dos cristãos? Dos muçulmanos? Dos budistas? Dos bramanistas? Pai de que grupo
religioso? De que pessoas? De quantas pessoas? Pai dos puritanos ou dos
errantes? Pai dos ricos ou dos miseráveis? Dos intelectuais ou dos iletrados?
Pai dos enfermos ou dos saudáveis, ou dos que se regalam do prazer de viver. O
Pai certamente se preocupa mais com os filhos mais problemáticos, com os mais
carentes e necessitados, com os filhos mais frágeis, com os mais debilitados;
mas jamais nega seu amor, seus cuidados, seu colo, seu zelo, seu melhor para
seus filhos.
Muitos querem controlar
Deus, serem seus proprietários, inseri-lo na dimensão de seus dogmas religiosos.
Mas Deus quer ser o Nosso Pai. Ele é muito grande para caber na cartilha de
nossa religiosidade. Por um lado, Deus possui uma personalidade consolidada,
desejos peculiares e preceitos revelados enfaticamente por Jesus. Mas, por
outro, Ele é inclusivo, compreensivo e tolerante, do contrário já teria
exterminado com a humanidade, pela dureza de nossos corações, incredulidade,
rebeldia, dura cerviz, e tudo que praticamos que entristece e aborrece o nosso
amado Pai.
A grande maioria de nós já cometemos, de
diversas formas e em diferentes graus, discriminações, exclusões e outras formas
de agressividade em algum período de nossas vidas. É provável que muitos de nós
já nos consideramos superiores pela cultura ou religião. Outros julgaram e
condenaram. Outros ainda mataram, se não fisicamente, pelo menos psiquicamente.
Pais sufocaram emocionalmente seus filhos. Maridos asfixiaram a personalidade
de suas esposas ou foram asfixiados por elas, castrando, podando, suprimindo,
subtraindo...
Quem de nós nunca ficou um
tempo maior trabalhando por já estar no embalo ou na quase conclusão de uma idéia,
ou fechamento e encerramento de alguma negociação, suprimindo o tempo que seria
da família, ou que seria de oração, de busca do Espírito Santo ou de estar na
presença de Deus?
Executivos e religiosos
anularam, ou subestimaram colegas de trabalho. Muitos seres humanos destruíram
outros em nome de um Cristo inventado em seu imaginário. O Deus proclamado por
Jesus não discrimina, apenas acolhe e abraça. Não exclui, apenas insere. Ama
qualquer ser humano de qualquer lugar, de qualquer religião. O Deus que é o Pai
de todos os povos, revela doçura e suavidade. Não exige nenhum sacrifício
humano, nenhum esforço desmedido. Ao contrário, quer nos nutrir com o pão
diário da sabedoria, da tranqüilidade, da serenidade, da paz, da prosperidade,
da saúde, da harmonia, da união. Qual pai não tem prazer em ver seus filhos em
perfeita paz, união harmonia, se ajudando mutuamente, ou brincando felizes pela
sua grande casa?
“Como é
bom e agradável quando os irmãos convivem em união! É como óleo precioso derramado sobre a cabeça, que
desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes. É como o
orvalho do Hermom quando desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a
bênção da vida para sempre”. (Salmos 133.1-3)
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