Poderíamos pensar que
o Criador não ficaria facilmente impressionado. Realmente, mas alguma coisa nessa mulher
lhe trouxe um brilho aos olhos, comoveu-o de alguma forma, tocou-lhe o coração
e, muito provavelmente, trouxe um sorriso ao seu rosto.
A mulher está desesperada.
A sua filha está possuída pelo demônio. A mulher de Canaã não tem o direito de
pedir coisa alguma a Jesus. Não é judia. Não é uma discípula. Não tem dinheiro
para oferecer...Mas isso não faz com que ela desista. Insiste em seu pedido.
“Tenha piedade de mim!”
Mateus observa que Jesus
nada diz a princípio. Nada. Não abre a boca. Por que?
Acho que a admirava,
analisava sua coragem e intrepidez. Foi bom para o seu coração ver um pouco de
fé impetuosa, para variar, ou revigorante ver alguém que lhe pedia, que buscava
exatamente o que Ele veio fazer – conceder grandes dádivas a filhos não
merecedores.
É estranho como não lhe
damos a permissão e oportunidade para fazer isso por nós mais freqüentemente.
Talvez a resposta mais
surpreendente às dádivas de Deus seja nossa relutância em aceitá-las. Nós a
queremos; mas sob nossas condições.
Por alguma estranha razão, sentimo-nos
melhor se as merecermos. Então criamos arcos religiosos e saltamos através
deles – ao fazermos de Deus um treinador; de nós, seus animais amestrados; e da
religião, um circo; ou um grande magazine de departamentos onde adentramos para
adquirirmos, nem percebemos que tentamos transformar o nosso SENHOR e Deus em
um “gênio da lâmpada” capaz de satisfazer todos nossos caprichos e sonhos
consumistas.
A mulher Cananéia não era
tão tola. Não tinha um currículo. Não tinha herança. Não tinha diploma. Só
sabia de duas coisas: que ela e a filha eram fracas e que Jesus era forte.
Preferimos obter a
salvação à moda antiga: pensamos que a merecemos.
Aceitar a graça é admitir o fracasso,
um passo que hesitamos em dar. Optamos por impressionar a Deus com o quanto
somos bons, ao invés de confessarmos o quanto Ele é grande, e o quão pobres,
cegos, rotos, miseráveis, carentes, necessitados somos da graça e misericórdia Dele. Atordoamo-nos com a doutrina. Sobrecarregamo-nos com as regras. Pensamos
que Deus sorrirá com os nossos esforços. Mas Ele diz:
"Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com
muitas coisas; todavia apenas uma é necessária”(Lucas 10.41-42).
..”Desejo misericórdia, não sacrifícios. Pois eu não vim
chamar justos, mas pecadores"(Mateus 9.13).
Mas isso não acontece, não
conseguimos surpreendê-lo.
O sorriso de Deus não é
para o atleta saudável que se vangloria da façanha e da conquista ao pódio. Ao
contrário, é para o leproso aleijado que suplica ao Senhor a cura para os pés
para prosseguir sua jornada.
"Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas
sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores" (Marcos
2.17).
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