quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Não podemos retirar a nossa armadura

De madrugada Jerubaal, isto é, Gideão, e todo o seu exército acampou junto à fonte de Harode. O acampamento de Midiã estava ao norte deles, no vale, perto do monte Moré. E o SENHOR disse a Gideão: "Você tem gente demais, para eu entregar Midiã nas suas mãos. A fim de que Israel não se orgulhe contra mim, dizendo que a sua própria força o libertou, anuncie, pois, ao povo que todo aquele que estiver tremendo de medo poderá ir embora do monte Gileade". Então vinte e dois mil homens partiram, e ficaram apenas dez mil.
Mas o SENHOR tornou a dizer a Gideão: "Ainda há gente demais. Desça com eles à beira dágua, e eu separarei os que ficarão com você. Se eu disser: Este não irá com você, ele não irá.
Assim Gideão levou os homens à beira dágua, e o SENHOR lhe disse: "Separe os que beberem a água lambendo-a como faz o cachorro, daqueles que se ajoelharem para beber".  O número dos que lamberam a água levando-a com as mãos à boca foi de trezentos homens. Todos os demais se ajoelharam para beber.
O SENHOR disse a Gideão: "Com os trezentos homens que lamberam a água livrarei vocês e entregarei os midianitas nas suas mãos. Mande para casa todos os outros homens". Gideão mandou os israelitas para as suas tendas, mas reteve os trezentos. E estes ficaram com as provisões e as trombetas dos que partiram.
O acampamento de Midiã ficava abaixo deles, no vale. Naquela noite o SENHOR disse a Gideão: "Levante-se e desça ao acampamento, pois vou entregá-lo nas suas mãos. Se você está com medo de atacá-los, desça ao acampamento com o seu servo Pura e ouça o que estiverem dizendo. Depois disso você terá coragem para atacar". Então ele e o seu servo Pura desceram até os postos avançados do acampamento. Os midianitas, os amalequitas e todos os outros povos que vinham do leste haviam se instalado no vale; eram numerosos como nuvens de gafanhotos. Assim como não se pode contar a areia da praia, também não se podia contar os seus camelos.
Gideão chegou bem no momento em que um homem estava contando seu sonho a um amigo. "Tive um sonho", dizia ele. "Um pão de cevada vinha rolando dentro do acampamento midianita, e atingiu a tenda com tanta força que ela tombou e se desmontou."
Seu amigo respondeu: "Não pode ser outra coisa senão a espada de Gideão, filho de Joás, o israelita. Deus entregou os midianitas e todo o acampamento nas mãos dele".
Quando Gideão ouviu o sonho e a sua interpretação, adorou a Deus. Voltou para o acampamento de Israel e gritou: "Levantem-se! O SENHOR entregou o acampamento midianita nas mãos de vocês". Dividiu os trezentos homens em três companhias e pôs nas mãos de todos eles trombetas e jarros vazios, com tochas dentro. E ele lhes disse: "Observem-me. Façam o que eu fizer. Quando eu chegar à extremidade do acampamento, façam o que eu fizer. Quando eu e todos os que estiverem comigo tocarmos as nossas trombetas ao redor do acampamento, toquem as suas, e gritem: Pelo SENHOR e por Gideão!"
Gideão e os cem homens que o acompanhavam chegaram aos postos avançados do acampamento pouco depois da meia-noite, assim que foram trocadas as sentinelas. Então tocaram as suas trombetas e quebraram os jarros que tinham nas mãos; as três companhias tocaram as trombetas e despedaçaram os jarros. Empunhando as tochas com a mão esquerda e as trombetas com a direita, gritaram: "À espada, pelo SENHOR e por Gideão!"
Cada homem mantinha a sua posição em torno do acampamento, e todos os midianitas fugiam correndo e gritando.
Quando as trezentas trombetas soaram, o SENHOR fez que em todo o acampamento os homens se voltassem uns contra os outros com suas espadas.
Mas muitos fugiram para Bete-Sita, na direção de Zererá, até a fronteira de Abel-Meolá, perto de Tabate. Os israelitas de Naftali, de Aser e de todo o Manasses foram convocados, e perseguiram os midianitas. Gideão enviou mensageiros a todos os montes de Efraim, dizendo: "Desçam para atacar os midianitas e cerquem as águas do Jordão à frente deles até Bete-Bara".
Foram, pois, convocados todos os homens de Efraim, e eles ocuparam as águas do Jordão até Bete-Bara. Eles prenderam dois lideres midianitas, Orebe, e Zeebe. Mataram Orebe na rocha de Orebe, e Zeebe no tanque de prensar uvas de Zeebe.
E, depois de perseguir os midianitas, trouxeram a cabeça de Orebe e a de Zeebe a Gideão, que estava do outro lado do Jordão.
Assim Midiã foi subjugado pelos israelitas, e não tornou a erguer a cabeça. Durante a vida de Gideão a terra desfrutou paz quarenta anos.
                                 Juízes 7.1-25-8.28
Antes de estudar as estratégias de batalha de Gideão, leia o texto acima, para visualizar um quadro completo nesta parte de nosso estudo sobre batalha espiritual, embora o espaço permita que analisemos apenas algumas passagens.
O SENHOR estabeleceu critérios para reduzir o exército de Gideão de 22 mil valentes para apenas trezentos.
Quando foi dito a Gideão que reduzisse o seu exército, o primeiro critério de seleção dos que deveriam permanecer baseava-se na expectativa comum: "Todo aquele que estiver tremendo de medo poderá Ir embora" (v. 3). Com essa determinação, mais de dois terços dos homens deixaram o exército, ficando apenas 10 mil. A lição aqui é clara: Deus não tolera medrosos na linha de frente.
O segundo critério para a seleção dos guerreiros foi mais sutil. Quando os dez mil fossem beber água, Gideão deveria mandar para casa todos os que colocassem o rosto na água. Só os que bebessem a água "levando a mão à boca'" permaneceriam. Por quê?
Examinando a cena com mais atenção, descobrimos um fato surpreendente: os que levavam a água até a boca estavam EM BOA POSIÇÃO PARA PERCEBER A ATIVIDADE DO INIMIGO NO HORIZONTE. Os que tinham a cabeça abaixada não estavam em posição de ver nada, exceto o que satisfazia as próprias necessidades.
Jesus nos adverte: "Vigiem" (Mateus 24.42).
Paulo confirma: "Estejam vigilantes" (1 Coríntios 16.13).
Coragem e disposição para lutar não são suficientes. Os guerreiros do Senhor que estão na linha de frente precisam também "vigiar e orar".
Agora vejamos algo surpreendente sobre Gideão.
Ele era um homem inteiramente disposto a seguir a Deus, a confiar Nele e a obedecer-lhe. Era corajoso, porém Deus percebeu no fundo do coração dele um medo secreto de atacar, escondido onde apenas Ele e Gideão podiam ver.
Temores secretos são interessantes. Com freqüência, passam totalmente despercebidos ATÉ A BATALHA REAL. Então eles vêm para fora com força total, subjugando os filhos de Deus. Entretanto, Deus fará tudo que puder para garantir que não levemos o medo para a linha de frente. O caso de Gideão é um exemplo tremendo de como Deus pode ir longe para evitar isso.
Por sua grande misericórdia, Deus providenciou um meio de libertar Gideão de seus medos — usando os soldados inimigos! Observe Juízes 7.10. Então Gideão foi. Mas atente para este fator-chave: GIDEÃO ESTAVA DISPOSTO A ADMITIR O SEU MEDO. Ele não o negou, foi humilde e submisso e aceitou a oferta de Deus para se libertar, nós devemos fazer a mesma coisa. Não podemos fingir ser mais corajosos do que somos. Deus quer libertar-nos de todos os medos e dúvidas ANTES da batalha. Deixemos que Ele o faça.
Ao ouvir os inimigos Gideão ficou tão maravilhado que não conseguiu sair do lugar: ficou ali adorando a Deus, que lhe havia providenciado aquela confirmação miraculosa para livrá-lo de todos os seus medos secretos. Agora Gideão estava pronto para agir. Agora ele SABIA que estava pronto!
Quando chegou o momento de Gideão realmente partir para o acampamento do inimigo com os trezentos valentes, vemos um fato surpreendente. Em vez de dar armas tradicionais aos seus homens, ele os "armou" com tochas dentro de potes de argila e trombetas. Quando desse o sinal, todos teriam de quebrar os potes e tocar as trombetas gritando: "À espada, pelo SENHOR e por Gideão (v. 20).
Mas preste atenção: Deus NÃO deu essas instruções diretamente a Gideão. Por iniciativa própria, sob a influência do Espírito, ele captou a MENTE DE DEUS e teve essa idéia.
Que padrão surpreendente de pensamento para um homem que nunca em sua vida tinha ouvido falar de algo além do "convencional"!
Enquanto o exército inimigo fugia, os israelitas das tribos de Naftali, Aser e Manasses foram chamados, e perseguiram os midianitas. "Gideão enviou mensageiros a todos os montes de Efrain, dizendo: 'Desçam para atacar os midianitas e cerquem as águas do Jordão à frente deles...'" (v. 24)
"Gideão e seus trezentos homens, já exaustos, continuaram a perseguição, chegaram ao Jordão e o atravessaram. Em Sucote, disse ele aos homens dali: 'Peço-lhes um pouco de pão para as minhas tropas; os homens estão cansados, e eu ainda estou perseguindo os reis de Midiã, Zeba e Zalmuna'" (8.4,5).
"Ora, Zeba e Zalmuna estavam em Carcor, e com eles cerca de quinze mil homens. Estes foram todos os que sobraram dos exércitos dos povos que vinham do leste, pois cento e vinte mil homens que portavam espada tinham sido mortos. Gideão subiu pela rota dos nômades, a leste de Noba e Jogbeá, e atacou de surpresa o exército. Zeba e Zalmuna, os dois reis de Midiã, fugiram, mas ele os perseguiu e os capturou, derrotando também o exército" (v. 10-12).
Gideão teve de batalhar contra o ego e o orgulho dos efraimitas, que se sentiram insultados por não terem sido chamados para a batalha inicial e reclamaram: "Por que você nos tratou dessa forma? Por que não nos chamou quando foi lutar contra Midiã?" (v. 1).
Depois Gideão teve de lidar com as poderosas forças espirituais do egoísmo, da deslealdade e da incredulidade para com o pequeno exército de Deus.
Os homens de Sucote (e mais tarde os de Peniel) recusaram-se a fornecer pão para a tropa. Eles disseram: "Ainda não estão em seu poder Zeba e Zalmuna? Por que deveríamos dar pão às suas tropas?" (v. 6).
É DEPOIS DA VITÓRIA que Satanás costuma lançar o seu ataque mais forte contra os soldados de Deus. No texto em estudo, a derrota de Midiã foi só o começo das batalhas espirituais de Gideão.
Uma vez conquistada a vitória principal, Gideão teve de enfrentar a maior tentação com que alguém pode deparar no primeiro sucesso.
Exaustos, mas pensando que temos o inimigo "no bolso", a nossa tendência é colocar os pés para cima, descansar sob os louros e dizer: "Muito bem! Acho que é hora de ir para casa".
No entanto, Gideão sabia que o remanescente das tropas inimigas, que conseguira escapar, tinha o hábito perigoso de ir para casa, reagrupar-se e voltar para vingar-se de maneira ainda mais mortal. Conseqüentemente, pediu a quatro tribos de Israel que o ajudassem a persegui-los.
As quatro tribos o atenderam e obtiveram um êxito considerável. A tribo de Efraim capturou até os dois líderes principais dos midianitas, Orebe e Zeebe. Entretanto, os líderes de Efraim ficaram extremamente tristes com Gideão por não terem sido convocados para o que consideravam a batalha mais importante.
Observe que eles nunca levavam em conta o que DEUS queria. A raiva, abastecida pelo ORGULHO e pelo EGOÍSMO, impediu qualquer consideração a respeito dos planos do Altíssimo. Tampouco eles sentiram alegria pelo grande milagre que Deus havia realizado por meio de Gideão. Tudo que podiam sentir era o gosto de "uvas amargas", porque ELES não haviam sido convidados para a primeira batalha.
Enquanto Deus estiver derramando o seu Espírito e operando "sinais e maravilhas" por intermédio de sua Igreja nestes últimos dias, devemos estar atentos para aqueles que, em nosso meio, sintam-se "deixados de lado" se Deus não operar por meio deles. Eles precisam ser tratados com grande amor e com muito tato. Caso contrário, a exemplo de Efraim, poderão tornar-se uma fonte de grande contenda no Corpo de Cristo.
E como Gideão lidou com aqueles homens cegos pelo orgulho e pelo ego ferido? COM A VERDADE! Ele usou a "espada da verdade" para lhes revelar uma lei da batalha espiritual que eles nunca haviam considerado: "Deus deixou-os capturar Orebe e Zeebe, os generais do exército de Midiã! Que fiz eu, em comparação com vocês? AS SUAS AÇÕES NO FINAL DA BATALHA FORAM MAIS IMPORTANTES QUE AS NOSSAS NO PRINCÍPIO! Assim eles se acalmaram" (v. 2,3 TLB [Bíblia Viva]).       
Pense nisso! As ações no FINAL da batalha são mais importantes que as do começo. Essa é uma verdade crucial a ser lembrada quando, no primeiro resplendor da vitória, Satanás tenta fazer-nos desistir da batalha antes que a missão esteja realmente concluída. Pode parecer humilhante saber que os que "vêm depois" são tão ou mais importantes que os heróis no Exército de Deus.
Coloquemo-nos na pele de Gideão. Ele e seus trezentos valentes estavam totalmente exaustos e famintos. Contudo, não desistiam da perseguição ao inimigo. Tinham DISCIPLINA E AUTOCONTROLE para SUPERAR o próprio desconforto. Mesmo depois que os homens de Sucote e Peniel se recusaram a dar-lhes comida, não deixaram que a amargura da rejeição pelos próprios compatriotas abatesse o seu ânimo.
Não importa quão desesperados ou desanimados possamos sentir-nos, devemos sustentar o ESCUDO DA FÉ, subjugar os sentimentos e ir em frente, NA CERTEZA DE QUE SERÁ DEUS, E NÃO O HOMEM, QUEM NOS LIVRARÁ!
Gideão capturou os dois reis midianitas, Zeba e Zalmuna, e pediu ao seu filho mais velho, Jéter, que os matasse. Este, porém, não desembainhou a espada, pois era apenas um menino e estava com medo. Então os dois reis disseram: "Venha, mate-nos você mesmo. Isso exige coragem de homem'. Então Gideão avançou e os matou" (v. 21).
Em outras palavras, não podemos pedir que um menino, um neófito faça o trabalho de um homem, de um veterano, porque ele não tem força física nem maturidade para isso.
O mesmo ocorre na vida espiritual. O crescimento e a maturidade espiritual têm relação direta com a dimensão da obra. Há sempre a tentação de correr antes de andar. Entretanto, devemos manter os ouvidos atentos às diretrizes de Deus. Ele determinará quanto podemos administrar de uma só vez com sucesso.
Precisamos também ser sensíveis ao crescimento e à maturidade dos outros, sem tentar impor-lhes o nosso desejo antes que estejam prontos para uma tarefa.
Finalmente, depois de o último inimigo ter sido enfrentado, Satanás lançou o seu principal ataque sobre Gideão, agora pessoalmente. Se não puder impedir que um filho de Deus obtenha a vitória, o Diabo tentará destruí-lo MAIS TARDE.
Nesse caso, Satanás usou o ego de Gideão para tentar derrubá-lo. "Os israelitas disseram a Gideão: Reine sobre nós, você, seu filho e seu neto, pois você nos libertou das mãos Midiã'" (v. 22).
Entretanto, Gideão esquivou-se da pressão de Satanás recusando-se a exaltar-se mais que ao Senhor. '"Não reinarei sobre vocês', respondeu-lhes Gideão, 'nem meu filho reinará sobre vocês. O SENHOR reinará sobre vocês'" (v. 23).
Outra vitória espiritual para Gideão? Sim, até então. Satanás, porém, tinha ainda outra carta para jogar — e então conseguiu fazer Gideão tropeçar, com resultados desastrosos.
Sem consultar a Deus, Gideão coletou brincos de ouro do despojo do inimigo e fez com eles um manto, que foi levado para a sua cidade! Com isso, "todo o Israel prostituiu-se, fazendo dele objeto de adoração; e veio a ser uma armadilha para Gideão e sua família" (v. 27).
Com um único erro, esse herói, que havia sido tão obediente e leal a Deus, levou toda a nação à IDOLATRIA!

Que lição para nós! Aprendemos aqui que JAMAIS DEVEMOS DESISTIR da batalha e que não podemos, em momento algum, retirar a nossa armadura!

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