segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Aliança de Sangue: duas pessoas unidas como uma só

Depois dessa conversa de Davi com Saul, surgiu tão grande amizade entre Jônatas e Davi que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo. Daquele dia em diante, Saul manteve Davi consigo e não o deixou voltar à casa de seu pai. E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o seu melhor amigo. Jônatas tirou o manto que estava vestindo e o deu a Davi, com sua túnica, e até sua espada, seu arco e seu cinturão.   
                                                                                                                  
                               1 Samuel 18.1-4

O ritual primitivo da aliança de sangue entre dois indivíduos caracterizava-se pela mistura do sangue dos aliançados e por uma união duradoura e sagrada, mais profunda que a estabelecida pelo nascimento, e não podia ser dissolvida.
O indivíduo que firmasse aliança com outro passava a ter uma responsabilidade maior, porque o "amigo de sangue" tinha de estar disposto a entregar a própria vida em defesa do outro ou morrer no lugar dele.
Esse ritual ainda é praticado no Oriente, em áreas remotas da África e em outras partes do mundo. Na Síria, quando dois homens firmam uma aliança, os parentes e vizinhos são chamados como testemunhas. Os futuros aliançados declaram os seus propósitos por escrito e cada um fica com uma cópia. A declaração é assinada por ambos e por várias testemunhas.
Um dos dois toma uma lâmina afiada e abre uma veia no braço do outro homem. Nessa abertura, ele insere o tubo de uma pena de ave, pelo qual bebe o sangue do amigo. A lâmina é depois cuidadosamente limpa com um dos papéis da aliança. O outro amigo toma a lâmina e repete o ritual. A aliança está selada com sangue.
Os dois amigos fazem este juramento diante das testemunhas: "Somos irmãos em uma aliança feita diante de Deus. Quem enganar o outro enganará a Deus". Cada um deles guarda uma cópia manchada de sangue em um pequeno relicário usado ao redor do pescoço ou em volta do braço como símbolo da aliança.
Nos tempos bíblicos, a aliança de sangue era também praticada entre duas famílias ou duas tribos. A família deficiente em alguma área e forte em outra fazia uma aliança de sangue com uma família que possuísse as virtudes que lhe faltavam. As duas famílias estabeleciam os termos da aliança, que eram discutidos em profundidade. Depois que os termos eram acertados, dois representantes eram escolhidos e era selecionado um local onde as famílias pudessem testemunhar o ritual.
O animal selecionado para o sacrifício era cortado ao meio pela espinha. As metades eram colocadas opostas uma a outra, o que criava um caminho de sangue entre elas.
Os representantes, à vista de ambas as famílias, trocavam os mantos. O manto era símbolo de autoridade e também representava a pessoa. Com a troca dos mantos, cada um deles estava dizendo: "Estou lhe dando tudo que sou e também a minha autoridade". Em seguida, trocavam também as armas. Ao fazer isso, estavam dizendo: "Estou lhe dando a minha força. Os seus inimigos são meus inimigos. Estarei com você até a morte".
Nesse ponto da cerimônia, cada representante percorria o caminho de sangue duas vezes, ida e volta. Parando juntos no meio, diziam em voz alta: "Assim como este animal morreu, ficarei com você na morte". Então, cada representante declarava como promessa todos os termos da aliança.
Anunciadas as promessas e o juramento de manter os termos da aliança, era feito um corte no pulso de cada representante. Os dois pulsos eram ligados com um cordão para que o sangue se misturasse. Os braços eram levantados, para que todos vissem o sangue escorrendo. Então faziam promessas um para o outro e juravam em nome de Deus: "Juramos guardar os termos desta aliança, de geração em geração. Que Deus nos ajude".
Nesse ponto da cerimônia, cada família tomava o nome da outra. O nome representava quem e o que eram. Com isso, estavam dizendo: "A sua família agora é a minha família. Os seus caminhos são os meus caminhos. As minhas forças são as suas forças".
Tendo sido a aliança selada com sangue, as famílias se reuniam para uma refeição em comum. Durante a ceia, traziam um cálice de vinho e pão. Partiam o pão e ofereciam uns aos outros dizendo: "Somos irmãos de aliança, coma o meu corpo. Que o meu corpo morra antes que você morra de fome". Quando bebiam o vinho, cada um dizia: "Beba o meu sangue. Esta é a minha vida. Eu lhe dou a minha vida. Sou seu para sempre".
Essa espécie de aliança era feita para durar pelo menos oito gerações. Não havia como quebrar o pacto, a não ser pela morte. As duas famílias estavam unidas para sempre.
Foi esse o tipo de aliança firmado entre Davi e Jônatas. "Depois dessa conversa de Davi com Saul, surgiu tão grande amizade entre Jônatas e Davi que Jônatas tornou-se o seu melhor amigo. Daquele dia em diante, Saul manteve Davi consigo e não o deixou voltar à casa de seu pai. E Jônatas fez um acordo de amizade com Davi, pois se tornara o seu melhor amigo. Jônatas tirou o manto que estava vestindo e o deu a Davi, com sua túnica, e até sua espada, seu arco e seu cinturão" (v. 1-4).
Desse dia em diante, Jônatas e Davi eram como uma só pessoa. Em outra ocasião, quando Saul ameaçou matar Davi, Jônatas mais uma vez fez aliança com Davi, agora concernente à bondade contínua deste para com a sua casa. Disse Jônatas: '"Se meu pai quiser fazer-lhe mal que o SENHOR me castigue com todo o rigor, se eu não lhe informar disso e não deixá-lo ir em segurança. O SENHOR esteja com você assim como esteve com meu pai. Se eu continuar vivo, seja leal comigo, com a lealdade do SENHOR, mas se eu morrer, jamais deixe de ser leal com a minha família, mesmo quando o SENHOR eliminar da face da terra todos os inimigos de Davi". Assim Jônatas fez uma aliança com a família de Davi, dizendo: "Que o SENHOR chame os inimigos de Davi para prestarem contas'. E Jônatas fez Davi reafirmar seu juramento de amizade, pois era seu amigo leal" (1 Samuel 20.13-17).

Por meio dessas duas alianças, Davi e Jônatas ficaram unidos como irmãos para sempre. E um estava disposto a morrer pelo outro!

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