Levantou-se um forte vendaval, e as ondas
se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água.
Marcos 4.37
Há tempestades que se levantam de repente,
surgem do nada, sem prévio aviso: uma enfermidade, uma grande dor, uma perda
irreparável, um desapontamento, uma frustração amarga, uma derrota esmagadora e
irrecuperável...
Outras vêm devagar, sorrateiras: aparecem
como a formação de nuvens nos recortes do horizonte, pequenas como a mão de um
homem, mas traiçoeiras proporcionam uma aflição que inicia-se insignificante
mas se espalha até cobrir o nosso céu, e nos confunde, amedronta, limita e desespera.
Entretanto, é justamente na tempestade que
Deus nos forja, nos prepara, nos gradua para a execução do Seu Serviço, só em
campo e na lida, nos embates é que nos tornamos aptos, na teoria tudo são
flores... Quando os problemas ocorrem na casa do vizinho, sempre podemos orar e
aconselhar para que confiem em Deus em todo o tempo... Mas há um tempo em que
Deus tira para tratar conosco, Pessoalmente.
Quando o Criador quer um carvalho, Ele o
planta num local onde as tormentas o fustigarão, as chuvas e tempestades baterão
contra ele, é bem no meio dos embates contra os elementos que o carvalho se
fortalece, adquire suas rijas fibras e se torna o rei da floresta.
Quando Deus quer aperfeiçoar um homem, Ele
o coloca numa tempestade. A história dos grandes homens de ilibado caráter é
sempre de rudezas e asperezas, não se fortalece um ser, sem passar pelas ondas
da tormenta, pelas fornalhas da aflição, sem que tenha encontrado a resposta
para a intimista oração: “Oh Deus, toma-me em tuas santas mãos, quebranta-me,
refaça-me, recomponha-me segundo o Teu querer”!
“Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (Atos 9.5).
Se observarmos cuidadosamente, constataremos
que grande parte dos homens que se destacam por alguma habilidade, destacou-se
primeiro pelo sofrimento, disciplina, humildade, disposição para perdoar a si
mesmo e dar a volta por cima, se reerguer, retomar a partida, reiniciar a
partir da tentativa frustrada. Se os colocássemos em uma galeria, poderíamos
nominá-los: “Sobreviventes da Tormenta” ou “Frutos da Fornalha da Aflição”.
Verdade é que os grandes heróis da vida são
os que sobreviveram aos açoites das tormentas e foram sulcados e marcados pelas
batalhas. Todos nós já enfrentamos alguma tempestade, pancadas de ventos
impetuosos, ficamos feridos, abatidos, cansados, mas embora marcados pela dor,
nos tornamos mais ternos, maleáveis, compassivos, compreensivos para com a dor
alheia, acolhedores e tolerantes para com os feridos das tormentas e marcados
pelas batalhas em nosso meio.
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos
consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que
recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois
assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de
Cristo transborda a nossa consolação" (2 Coríntios 1.3-5).
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