sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Na fornalha da aflição


Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água.

                          Marcos 4.37

Há tempestades que se levantam de repente, surgem do nada, sem prévio aviso: uma enfermidade, uma grande dor, uma perda irreparável, um desapontamento, uma frustração amarga, uma derrota esmagadora e irrecuperável...
Outras vêm devagar, sorrateiras: aparecem como a formação de nuvens nos recortes do horizonte, pequenas como a mão de um homem, mas traiçoeiras proporcionam uma aflição que inicia-se insignificante mas se espalha até cobrir o nosso céu, e nos confunde, amedronta, limita e desespera.
Entretanto, é justamente na tempestade que Deus nos forja, nos prepara, nos gradua para a execução do Seu Serviço, só em campo e na lida, nos embates é que nos tornamos aptos, na teoria tudo são flores... Quando os problemas ocorrem na casa do vizinho, sempre podemos orar e aconselhar para que confiem em Deus em todo o tempo... Mas há um tempo em que Deus tira para tratar conosco, Pessoalmente.
Quando o Criador quer um carvalho, Ele o planta num local onde as tormentas o fustigarão, as chuvas e tempestades baterão contra ele, é bem no meio dos embates contra os elementos que o carvalho se fortalece, adquire suas rijas fibras e se torna o rei da floresta.
Quando Deus quer aperfeiçoar um homem, Ele o coloca numa tempestade. A história dos grandes homens de ilibado caráter é sempre de rudezas e asperezas, não se fortalece um ser, sem passar pelas ondas da tormenta, pelas fornalhas da aflição, sem que tenha encontrado a resposta para a intimista oração: “Oh Deus, toma-me em tuas santas mãos, quebranta-me, refaça-me, recomponha-me segundo o Teu querer”!
“Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões” (Atos 9.5).
Se observarmos cuidadosamente, constataremos que grande parte dos homens que se destacam por alguma habilidade, destacou-se primeiro pelo sofrimento, disciplina, humildade, disposição para perdoar a si mesmo e dar a volta por cima, se reerguer, retomar a partida, reiniciar a partir da tentativa frustrada. Se os colocássemos em uma galeria, poderíamos nominá-los: “Sobreviventes da Tormenta” ou “Frutos da Fornalha da Aflição”.
Verdade é que os grandes heróis da vida são os que sobreviveram aos açoites das tormentas e foram sulcados e marcados pelas batalhas. Todos nós já enfrentamos alguma tempestade, pancadas de ventos impetuosos, ficamos feridos, abatidos, cansados, mas embora marcados pela dor, nos tornamos mais ternos, maleáveis, compassivos, compreensivos para com a dor alheia, acolhedores e tolerantes para com os feridos das tormentas e marcados pelas batalhas em nosso meio.

"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação, que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações. Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação" (2 Coríntios 1.3-5).

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