terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

O Exercício do Perdão


Nós cristãos precisamos nos dias de hoje, exercitar a graça que temos recebido, que implica amar mesmo sem ser amado. Amar o outro não porque este nos ama, ou porque nos é conveniente, mas por causa do amor de Deus que está em nós.
Esse é o tipo de amor que Paulo sentiu pelos irmãos de Corinto, mesmo por aqueles que não o entendiam e o criticavam duramente. É o que observamos na declaração dele em 2 Coríntios 12.15: “Ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado”.
É esse amor gracioso de Deus, o amor ágape, que nos permite perdoar o nosso próximo quantas vezes forem necessárias, não importando a gravidade da ofensa. Mesmo porque é dessa forma que o SENHOR perdoa a todos nós, somos eternos devedores, dependentes de sua imensa graça.
Não nos referimos a perdoar apenas quem nos destratou, nos magoou num momento de crise, quem falou contra nós por não nos compreender, quem nos invejou, nos subtraiu, deixou de honrar seus compromissos conosco. Há perdões bem mais difíceis de liberarmos. Não é fácil perdoar o assassino de um filho nosso, o estuprador de um familiar nosso, um cônjuge que nos traiu, um pai que nos violentou emocional ou fisicamente. Nesses casos, só estando repleto da graça de Deus.
Mas, mesmo assim, o SENHOR requer isso de nós, esta é a condição para também sermos perdoados e restaurados por Ele. Lá no Pai-Nosso, a oração-modelo, em Mateus 6.12 Jesus pediu: (Pai) perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. E ensinou: Se, porém, não perdoamos aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
Temos um típico exemplo de nossa dívida quitada com Deus lá em Lucas 7 na parábola dos dois devedores, somos como aquele que tinha uma dívida impagável e conseguiu o seu perdão por misericórdia do seu credor, mas que não queria perdoar o outro que lhe devia uma pequena quantia... exatamente assim somos nós, por maiores que sejam os débitos de nossos devedores, jamais se compararão ao perdão que o SENHOR já nos concedeu por nossas falhas, erros que cometemos todos os dias.
Infelizmente até na igreja, há muitos irmãos com câncer, depressão, insônia, problemas nervosos, doenças emocionais, porque não querem liberar perdão às pessoas que as magoaram, familiares, amigos, professores, patrões, sócios, cônjuges; se sentiram lesadas, subtraídas, humilhadas, desprezadas... Preferem alimentar o rancor, ressentimento e deixar a raiz de amargura (raposinhas) contaminar todo o seu ser, em vez de clamar a Deus, pedir ajuda ao Espírito Santo para perdoar quem a ofendeu, a fim de se libertar e se curar para glorificar a Deus.
Não é fácil perdoar. Somos nós quem sentimos a dor, vergonha, derrota, humilhação, vexame de uma ofensa. Mas se Jesus foi capaz de morrer em nosso lugar, levar sobre si as nossas ofensas e nossos pecados, e interceder por nós na cruz, dizendo: “Pai, perdoe-os, porque eles não sabem o que fazem”, quem somos nós para nos recusar a perdoar quem nos magoou e ofendeu?
Perdoar não é o mesmo que dar um tapinha nas costas de quem nos feriu e dizer que não foi nada. É assumir que doeu, mas que estamos dispostos a superar a dor, a mágoa, a humilhação, e dar a outra face, outra oportunidade de a pessoa se relacionar conosco de forma diferente.
O perdão é composto de dois elementos: um natural, que depende de nossa escolha; e outro, sobrenatural, que é da competência divina – o milagre da cura pela ofensa que sofremos ou que causamos aos outros. Quando esses dois elementos se unem há perdão e cura da alma, das emoções; as feridas são cicatrizadas, o inconsciente fica sarado, e o nosso amor-próprio é recuperado. Somos libertos de todo sentimento de amargura, ficamos aliviados e podemos seguir em frente e ser tudo o que Deus planejou para nós.
Há momento em que só conseguiremos perdoar se fizermos como Jesus fez: se renunciarmos a nós mesmos, suportarmos a dor, crucificarmos o nosso eu e pedirmos a Deus que faça a vontade Dele, e não a nossa. Não é nada fácil, há sempre uma grande resistência, precisamos esvaziar a alma da amargura, rancor, revolta, tristeza e nos encher do Espírito Santo para conseguirmos perdoar. Mas Ele nos ajudará e sempre venceremos, independente das circunstâncias, quer o ofensor seja digno ou não, vale a pena.

Quando perdoamos, espiritualmente nos tornamos mais parecidos com Cristo, emocionalmente nos tornamos mais equilibrados, fisicamente evitamos muitas enfermidades, e financeiramente prosperamos, pois só então nossa oferta é aceita por Deus (Mateus 5.23).

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