sábado, 23 de setembro de 2017

Em meio ao deserto



Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto.

                             Marcos 1.12

Quiséramos crer que a vida de Jesus aqui se resumisse em experiências lindas, um verdadeiro paraíso terreno... Mas, bem longe disso, dir-se-ia uma prova no mínimo estranha, do favor divino, este período no deserto.
Mesmo porque, quem estaria preparado para "logo" após as bênçãos do céu aberto, a descida do Espírito em forma de pomba, a aprovação na voz do Pai: "Tu és o meu Filho amado, em Ti me comprazo"! Quem diria, que logo após uma tremenda e abençoada revelação deste quilate, pudesse ter que enfrentar uma prova de tamanha magnitude, como a batalha que o nosso Mestre enfrentou no deserto?
Mas contrariando nossa expectativa, sempre após alcançar-se o ápice, é que surgem os momentos de profunda depressão, lutas intensas, batalhas acirradas...
Quantas vezes, nos deparamos intrigados a indagar: "como é possível, em um dia estarmos a flutuar nas alturas, como se pisássemos o esplendor das nuvens, e logo no outro, o abatimento nos surpreende e nos lança no pó, como se removêssemos e arrastássemos a carga de uma tonelada sobre os já feridos ombros"...
Sem entender, ficamos a imaginar, porque "logo" imediatamente após o conforto da benção, é que surgem as provas – quem sabe seja exatamente para nos preparar para os lugares áridos, os Calvários, Getsêmanis, desertos intransponíveis que a luz do SENHOR resplandece sobre nós; nos levantando, capacitando, fortalecendo para que possamos resistir, irmos mais fundo, iluminarmos as trevas com a luz Dele incrustada em nós; como tochas acesas, incandescentes para os que jazem na escuridão, e mesmo em meio as nossas fraquezas e debilidades sermos arrimo, apoio e amparo aos desamparados e desfavorecidos mais errantes do que nós?
Acontece que nem sempre estamos preparados, prontos para o deserto, a maratona é dura, necessitamos de uma forte envergadura, uma rija musculatura espiritual, e nesse treinamento não podemos negligenciar nenhuma etapa, somente após a experiência do Jordão, poderemos prosseguir – nada melhor que a completa rendição ao Filho do Deus vivo, nosso único e suficiente Salvador; pode nos preparar e tornar aptos diante da missão que o Espírito Santo nos destinará e colocará em nosso coração. 
Somente o rompimento com os valores mundanos, a total entrega, comunhão, intimidade, a glória do batismo podem capacitar-nos a suportar e superar a fome e a aridez do deserto.

"Senhor, restaura-nos, assim como enches o leito dos ribeiros no deserto. Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria colherão" (Salmos 126.4,5).

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