Ofereçamos continuamente a Deus um
sacrifício de louvor,
Hebreus 13.15
Em certa feita, já anoitecendo, um
missionário adentrou pelo corredor estreito e escuro de um cortiço e, aos
tropeços, desviando-se do lixo e dos entulhos, ouviu uma voz rouca que
indagava:
- "Quem está aí? Quem é você, meu bem"?
Usando uma pequenina lanterna, pode divisar
um nítido quadro de profundo sofrimento e intensa pobreza terrena, mas de terna
confiança e completa paz interior... Um negro rosto moldado em ébano, de olhar
profundo e tocante, incrustado e moldado entre as rugas e marcas da dura
circunstancia daquela realidade – achava-se alí acomodada sobre alguns tijolos
e latas que imitavam uma banqueta, uma velhinha enrolada em seus farrapos, na
tentativa de se aquecer.
Era gélido e intenso o inverno daquele ano,
e ele notou que ela não tinha fogo para se aquecer, nem brasa, nem carvão e nem
luz. Ao questioná-la descobriu também que já há dias não fazia uma refeição sequer...
e parecia nada ter, senão artrite, reumatismo, barriga vazia e fé em Deus.
Intrigou-lhe a passividade, a calma, a fé e
confiança que dela exalava, mesmo completamente alienada, exilada de
circunstancias agradáveis, situações favoráveis e até mesmo do primordial e o básico
para a sobrevivência; e ainda assim aquela velha criatura cantava:
“Meu sofrimento ninguém vê – Ninguém, senão
Jesus.
Meu sofrimento ninguém vê – Glória, glória,
aleluia!
Há vezes em que estou lá em cima; há vezes
em que estou lá em baixo;
As vezes, bem lá em baixo , rente ao pó...
As vezes brilha luz ao meu redor! Glória, Glória, aleluia!
Meu trabalho ninguém vê... O meu problema
ninguém vê... Minha alegria ninguém vê, ninguém, senão Jesus...
Glória, glória, aleluia”! E prosseguia
cantarolando.
"Mas temos esse tesouro em vasos de
barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de
nós.
De todos os lados somos pressionados, mas
não desanimados; ficamos perplexos, mas não desesperados; somos perseguidos,
mas não abandonados; abatidos, mas não destruídos. Trazemos sempre em nosso
corpo o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso
corpo" (2 Coríntios 4.7-10).
Somente através das Verdades da Palavra
encontramos discernimento para podermos dimensionar, entender e descrever a
disposição, consolo e o ânimo daquela velhinha de cor, sem qualquer perspectiva
ou expectativa de futuro.
Nos faz lembrar de Lutero, em seu leito de
enfermidade – entre gemidos de dor, ainda foi capaz de pregar: “Estas dores e
aflições são como os tipos que os impressos assentam; como estão agora
dispostos, temos que os ler de trás para diante, e parecem sem sentido; mas lá
em cima, quando o SENHOR nos colocar na vida futura, descobriremos que eles
formam uma escrita magnífica”.
E também o apóstolo Paulo, andando pelo
convés do navio em pleno temporal, confortava a tripulação – ‘Tende bom ânimo’...
Paulo, Lutero e a velhinha de cor são como
girassóis, olhando sempre para o lado luminoso, se negam a contemplar as trevas,
olham para a face de Deus. (W. C. Barnett).
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