Em tudo, façam aos outros o que vocês
querem que eles lhes façam;
Mateus 7.12
A passagem sobre o Ribeiro de Besor merece
um lugar de destaque entre os livros de cabeceira dos esgotados. Sim, porque
ela é bálsamo e refrigério ao coração cansado.
A história inicia-se lá em Ziclague, Davi e
seus seiscentos soldados voltam do combate contra os filisteus e encontram um
verdadeiro caos. Invasores amalequitas entraram na aldeia, saquearam-na e
levaram as mulheres e crianças como reféns. A dor, frustração e revolta dos
homens se convertem em ira, não contra os amalequitas, mas contra Davi. Pois
foi ele quem os levou para a batalha, deixou as mulheres e crianças vulneráveis,
expostas e desprotegidas. Então ele é culpado e precisa morrer. Assim, eles
começam a juntar pedras para apedreja-lo.
Se Davi já não estivesse familiarizado com
este tipo de situação e tratamento, talvez esse pudesse ser seu pior momento:
mas... Ignorado pelo próprio pai, menosprezado pelos irmãos, Saul o queira morto,
e agora seu próprio exército... Simplesmente rejeitado por todo círculo social
expressivo em sua vida.
Mas parece que o caos e os desafios, o
motivam, estimulam e o transforma em um dos melhores. Sim, porque enquanto os
homens nutrem sua ira, Davi busca seu Deus.
"Davi, porém, fortaleceu-se no SENHOR,
no seu Deus" (1 Samuel 30.6).
É fundamental que aprendamos a fazer o
mesmo, porque amigos nem sempre estão disponíveis, e muitas vezes nossos
valores se divergem; os sistemas de apoio nem sempre apoiam, pastores são humanos
e falhos como todos nós, suscetíveis a desviarem-se do essencial. Então quando faltar
a ajuda necessária, apoio, socorro, saída; temos de fazer como Davi, voltarmos
para Deus. Ele é o nosso socorro bem presente em nossas tribulações!
"Devo perseguir esse bando de
invasores? Irei alcançá-los? Persiga-os; é certo que você os alcançará e
conseguirá libertar os prisioneiros" (1 Samuel 30.8).
Então Davi redireciona a raiva de seus
homens para o inimigo, eles começam a perseguir os amalequitas. É bem verdade
que estão exaustos e que ainda trazem a poeira da estrada depois da longa
batalha travada, e não assimilaram totalmente a revolta e a raiva que sentem de
Davi. E ainda tem como agravante o completo desconhecimento do esconderijo dos
amalequitas, certamente se não fosse por amor aos seus entes queridos, talvez
desistissem da dura empreitada.
Na verdade, duzentos deles desistem. Ao
chegarem a um ribeiro chamado Besor, eles descem dos cavalos e entram no riacho
e se banham e se refrescam, retiram a poeira do corpo, e se esticam na grama,
então o cansaço cobra o seu tributo. Ouvindo a ordem para seguir em frente,
duzentos deles preferem descansar.
Qual é o limite de cansaço que leva uma
pessoa a abandonar e desistir do resgate de sua própria família?
Toda igreja tem um grupo de tais pessoas,
são excelentes, prestativas, assíduas, tementes a Deus, como todos nós. Algumas
há apenas horas outras já há anos, elas marchavam com muita disciplina e determinação.
Mas depois de algum tempo sem a devida resposta, bate a frustração, a fadiga as
consome, elas se tornam debilitadas e exaustas. Tão esgotadas, indispostas e
cansadas que não conseguem reunir forças para salvar nem mesmo os do próprio
sangue. Os anos passaram, a idade avançada roubou-lhes o ar e o pique, a
disposição. Ou talvez tenha sido uma série sequencial de derrotas de tirar o fôlego
e qualquer disposição para prosseguir. A viuvez, a depressão, o vício, o
abandono e o divórcio podem tranquilamente nos conduzir ao ribeiro. Não importa
qual seja a razão, há na igreja sempre pessoas que se encontram em seus
limites, que simplesmente se sentam e descansam, incapazes a qualquer tipo de
reação.
E cabe então a igreja decidir: O que
fazemos com as pessoas que se encontram no Ribeiro de Besor? Devemos
simplesmente ignorá-las, fingir que não existem e que não as vemos,
humilhá-las, repreendê-las, forçá-las a caminhar? Devemos dar-lhes um descanso, estipular um tempo
e contar os minutos decorridos? Ou mais uma vez aprendermos e fazermos o que
Davi fez? Ele simplesmente permitiu que ficassem. Afinal de contas, hoje são
eles e amanhã poderemos ser nós, na mesma situação. Como gostaríamos que nos tratassem?!
"Levem os fardos pesados uns dos
outros. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se
não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos,
especialmente aos da família da fé" (Gálatas 6.2,9,10).
"Tudo quanto te vier à mão para fazer,
faze-o conforme as tuas forças", (Eclesiastes 9.10).
"Vocês devem ser fortes e não se
desanimar, pois o trabalho de vocês será recompensado" (2 Crônicas 15.7).
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