quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mundos Opostos

Para Jesus, cada pessoa, independentemente de sua raça ou cultura, era  especial. Jesus analisou o conjunto das obras de Judas. Sabia que ele não planejara a traição com muita antecedência. Por isso o preço que recebeu para trair seu mestre foi baixíssimo, o valor de um escravo. Um homem culto, da linhagem dos zelotes, não trairia o mais espetacular dos homens por preço tão desprezível.
Diante da generosidade oferecida por Jesus, Judas ponderou e caiu em si. Infelizmente, ao invés de usar seu erro para crescer, como fez Pedro depois de negar Jesus, foi dominado por um forte sentimento de culpa.
Se observarmos, podemos dizer que o evangelho segundo Judas, há algum tempo comentado largamente na imprensa, e que o retrata como um herói que contribuiu conscientemente para levar Jesus ao sacrifício, é uma ficção. Não tem fundamento, pois é
incompatível com a história do próprio Judas.
Jesus acolheu Judas, queria protegê-lo, mas Judas foi implacável consigo mesmo, não perdoou a si próprio.
Quando o sentimento de culpa é dosado, ele estimula a reflexão. Mas quando é intenso, como nesse discípulo, encarcera a emoção, aprisiona o eu, esmaga a auto-estima.
Considerando-se o último dos homens, Judas sentiu-se indigno de continuar sua história. Suicidou-se.
Ele procurou em Jesus um libertador externo, mas o Mestre queria libertar o ser humano interiormente. Judas queria dominar, Jesus queria se doar. Judas tinha sede de poder, Jesus propagava o amor. O discípulo decepcionou-se com o mestre. Ambos pisaram o mesmo solo, mas viveram em mundos diferentes, totalmente opostos.
A história ainda se repete. Pessoas maravilhosas dividem o mesmo espaço, mas não dividem sentimentos. Falam sobre tudo, mas não sobre si mesmas. Admiram-se, mas são estranhas umas para as outras. Jesus tentou abraçar seu discípulo, mas ele não o permitiu no momento mais difícil da sua história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário