A proa encravou-se e ficou imóvel, e a popa
foi quebrada pela violência das ondas... Uns em tábuas outros em pedaços do
navio. Dessa forma, todos chegaram a salvo em terra.
Atos
27.41,44
Quando analisamos a trajetória do
ministério de Paulo, as suas viagens com suas provas e triunfos, principalmente essa a
Roma, é um legado em nosso caminho de fé. Podemos observar que os lugares de
difícil acesso, estreitos, íngremes, são pontilhados de extraordinária
assistência, interversões e providências divinas.
Tendemos a imaginar que a vereda do cristão
é ladeada de flores; que o ribombar e o trovejar da Presença de Deus é tão
perceptível e extraordinária que nos coloca acima do plano das dificuldades,
como se houvesse uma redoma para cada devotado cristão. A realidade, porém, é
que nosso cotidiano não reflete bem isso...
A história da Bíblia revela as provas,
lutas, embates e triunfos, alternadamente, no ministério de cada um dos que
formam a academia da Nuvem de Testemunhas, desde Abel até ao último mártir que
for chamado.
Ao focarmos nosso olhar na vida de Paulo,
percebemos um grande exemplo do quanto um servo do Deus vivo pode sofrer sem
ser destroçado, despedaçado, esmagado no espírito. Em consequência de seu
testemunho em Damasco, perseguido por adversários foi obrigado a fugir para
salvar a vida; mas não houve uma carruagem de fogo, cercada de raios e trovões
flamejantes, para transportá-lo e tirá-lo do alcance do inimigo; e sim, que o
desceram dentro de um cesto pela muralha de Damasco, foi como escapou o erudito
servo do Mestre Jesus.
Em outra ocasião, o encontramos mofando por
meses numa prisão isolada, onde relata de suas vigílias, jejuns, intenso frio,
abandono de amigos, brutais castigos e vergonhosos açoites... No texto acima
citado, vemos que mesmo depois da promessa de livramento do SENHOR, o vemos
sofrer por dias os embates de um revolto mar, apaziguando os ânimos dos
desordeiros e valentes marinheiros... E quando chega o esperado livramento, não
vem uma “tropa de choque divina” para colocar o nobre náufrago em segurança na
praia, não há anjos ou arcanjo acalmando e aquietando os furiosos vagalhões,
não há nem um sinal de milagre ou do sobrenatural imperando ali, pelo
contrário: uns agarrados aos pedaços de mastro, outros a restos de tábuas, ou a
qualquer destroço flutuante, outro tentando nadar e salvar-se como puderam.
É bem assim o padrão divino para nossa
vida... que sirva de exemplo e de alento para nós que vivemos sob
circunstancias comumente adversas, e que precisamos encará-las e superá-las de maneira
prática e objetiva, sem nos colocar numa posição de destaque ou de vantagem
sobre os demais ao nosso redor. Ele prometeu estar conosco e não vida fácil!
Os planos e promessas divinas, assim como
suas providências, não nos elevam o padrão acima do senso comum do nosso
cotidiano, mas é o cenário, o pano de fundo onde a fé é tecida e fortalecida
por Deus, ponto a ponto, tijolo por tijolo, bloco por bloco, na urdidura da nossa
rotina, que Ele enfeita com os brilhantes fios de ouro do Seu grande amor por
nós.
"Se o Senhor não estivesse do nosso
lado quando os inimigos nos atacaram, eles já nos teriam engolido vivos, quando
se enfureceram contra nós;... Bendito seja o Senhor, que não nos entregou para
sermos dilacerados pelos dentes deles. Como um pássaro escapamos da armadilha
do caçador; a armadilha foi quebrada, e nós escapamos. O nosso socorro está no
nome do Senhor, que fez os céus e a terra"(Salmos 124.2,3,6-8).
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