terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Destroços


A proa encravou-se e ficou imóvel, e a popa foi quebrada pela violência das ondas... Uns em tábuas outros em pedaços do navio. Dessa forma, todos chegaram a salvo em terra.

                                      Atos 27.41,44

Quando analisamos a trajetória do ministério de Paulo, as suas viagens com suas provas e triunfos, principalmente essa a Roma, é um legado em nosso caminho de fé. Podemos observar que os lugares de difícil acesso, estreitos, íngremes, são pontilhados de extraordinária assistência, interversões e providências divinas.
Tendemos a imaginar que a vereda do cristão é ladeada de flores; que o ribombar e o trovejar da Presença de Deus é tão perceptível e extraordinária que nos coloca acima do plano das dificuldades, como se houvesse uma redoma para cada devotado cristão. A realidade, porém, é que nosso cotidiano não reflete bem isso...
A história da Bíblia revela as provas, lutas, embates e triunfos, alternadamente, no ministério de cada um dos que formam a academia da Nuvem de Testemunhas, desde Abel até ao último mártir que for chamado.
Ao focarmos nosso olhar na vida de Paulo, percebemos um grande exemplo do quanto um servo do Deus vivo pode sofrer sem ser destroçado, despedaçado, esmagado no espírito. Em consequência de seu testemunho em Damasco, perseguido por adversários foi obrigado a fugir para salvar a vida; mas não houve uma carruagem de fogo, cercada de raios e trovões flamejantes, para transportá-lo e tirá-lo do alcance do inimigo; e sim, que o desceram dentro de um cesto pela muralha de Damasco, foi como escapou o erudito servo do Mestre Jesus.
Em outra ocasião, o encontramos mofando por meses numa prisão isolada, onde relata de suas vigílias, jejuns, intenso frio, abandono de amigos, brutais castigos e vergonhosos açoites... No texto acima citado, vemos que mesmo depois da promessa de livramento do SENHOR, o vemos sofrer por dias os embates de um revolto mar, apaziguando os ânimos dos desordeiros e valentes marinheiros... E quando chega o esperado livramento, não vem uma “tropa de choque divina” para colocar o nobre náufrago em segurança na praia, não há anjos ou arcanjo acalmando e aquietando os furiosos vagalhões, não há nem um sinal de milagre ou do sobrenatural imperando ali, pelo contrário: uns agarrados aos pedaços de mastro, outros a restos de tábuas, ou a qualquer destroço flutuante, outro tentando nadar e salvar-se como puderam.
É bem assim o padrão divino para nossa vida... que sirva de exemplo e de alento para nós que vivemos sob circunstancias comumente adversas, e que precisamos encará-las e superá-las de maneira prática e objetiva, sem nos colocar numa posição de destaque ou de vantagem sobre os demais ao nosso redor. Ele prometeu estar conosco e não vida fácil!
Os planos e promessas divinas, assim como suas providências, não nos elevam o padrão acima do senso comum do nosso cotidiano, mas é o cenário, o pano de fundo onde a fé é tecida e fortalecida por Deus, ponto a ponto, tijolo por tijolo, bloco por bloco, na urdidura da nossa rotina, que Ele enfeita com os brilhantes fios de ouro do Seu grande amor por nós.

"Se o Senhor não estivesse do nosso lado quando os inimigos nos atacaram, eles já nos teriam engolido vivos, quando se enfureceram contra nós;... Bendito seja o Senhor, que não nos entregou para sermos dilacerados pelos dentes deles. Como um pássaro escapamos da armadilha do caçador; a armadilha foi quebrada, e nós escapamos. O nosso socorro está no nome do Senhor, que fez os céus e a terra"(Salmos 124.2,3,6-8).

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