segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Absolvição


Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela.

                           João 8.7

Abismos profundos da pública exposição de vergonha, calabouços intransponíveis de erros, desfiladeiros intermináveis de culpa. Muralhas grafitadas de cinza fosco da morte. Ressoantes ecos acusatórios que atordoam e expõem as fragilidades humanas, nas escolhas erradas e decisões equivocadas. Cerrem os olhos, cubram os ouvidos com as mãos, deixem a água fresca do chuveiro escorrer abundantemente da cabeça aos pés... Tirem os panos de saco do passado, parem de olhar pelo retrovisor; renovem os pensamentos e a mente, tentem com todas as forças fugir das trágicas derrotas do ontem – os seus tentáculos tendem a prevalecer porque são maiores que a fé e a esperança que exalamos.
Às vezes nossa vergonha é intrínseca, privada, íntima, particular: um cônjuge violento; abusos no próprio lar sofrido por aqueles que naturalmente deveriam nos defender, serem nossos cooperadores, provedores; desrespeito; vícios entre os parentes íntimos, maus-tratos; humilhações constrangedoras; superiores metidos a sedutores e aproveitadores baratos... Apenas nós e Deus sabemos, mas isso já é o bastante, é mais que o suficiente para provocar dor e sofrimento...
Algumas vezes porem, o constrangimento é público e notório: uma traição que culmina num divórcio; um empreendimento mal sucedido que rotula; uma doença que deixa sequela e nos limita ou nos condena a arrasta-la por anos a fio; uma deficiência resultante de uma tragédia... e pode ser que tudo seja aparente aos olhos públicos, ou que tudo esteja apenas em nossa imaginação, feito aquelas pessoas que são magras e se veem gordas ao olharem no espelho...Mas fato é que fruto do imaginário ou realidade, precisamos lidar com isso, conviver e administrar o problema; estigmatizados por um desemprego que se arrasta, um divorcio que nos torna solitários e sem amigos, um perda irreparável que nos deixa órfão, um câncer ou uma AIDS na família.... Seja publica ou particular, não é fácil lidar com a vergonha, é sempre um fardo difícil de carregar, mas a menos que tratemos e lidemos com ela; sozinhos ou buscando ajuda, a mesma se tornará permanente, doendo consecutivamente; se não erradicarmos, nossa paz será apenas ilusória, utópica.
Mas ciente das nossas limitações, Deus nos preparou um Caminho de absolvição, convidemos ao SENHOR Jesus a seguir conosco até o nosso calabouço da culpa, a descer pelo desfiladeiro da nossa vergonha pública, a cobrir de vestes a nossa nudez exposta... Certamente Ele permanecerá ao nosso lado, mesmo quando narrarmos os tristes episódios ocorridos na noite mais densa e escura da nossa alma.
E em completo silencio podemos até ouvi-lo:
"Onde estão aqueles teus acusadores"? (João 8.10).
Se atentarmos ainda o veremos a escrever, não na areia que seria facilmente apagado pelos anos, mas sim em uma cruz para ser notório e público como nossa vergonha:
"Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado" (João 8.11).

Absolvição, uma nova chance, uma folha em branco para recomeçarmos!

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