Não me importo, nem considero a minha vida
de valor algum para mim mesmo.
Atos 20.24
O livro de Samuel relata que quando Davi
foi ungido rei em Hebrom, todos os filisteus subiram ao seu encalço – se bem observarmos
veremos que sempre ao obtermos do SENHOR alguma benção expressiva, o inimigo logo
se levanta ameaçadoramente contra nós.
Quando o adversário surgir no limiar de
alguma tarefa, obra ou ministério dedicado para o Reino de Deus, identifiquemos
logo e aceitemos isto como indício de salvação, benção a caminho, e tomemos
alento da parte do SENHOR, benção dobrada – vitória antecipada e poder em Deus.
O poder se adquiri, se desenvolve através
da resistência – o poder do impulso explosivo do canhão é resultante de uma
forte resistência vencida e percorrida – a eletricidade que num passe de mágica
radiante, ilumina nosso ambiente; é produzida na longínqua usina, pela rude e
brusca fricção das turbinas sincronizadas em giro. E dessa maneira,
descobriremos algum dia que até mesmo o adversário, desempenhou sua função e
seu papel na história, foi um dos anônimos agentes das bênçãos de Deus, mesmo que
inconscientemente.
A tribulação é na verdade o caminho do
triunfo; sim, a estrada que passa pelo vale direciona-se a uma vereda elevada.
Aliás, em toda grandiosidade, se analisarmos descobriremos as marcas da tribulação - as ornamentadas coroas são preparadas e fundidas em cadinhos incandescentes. O
caráter daqueles que se encontram aos pés do SENHOR é forjado nos sofrimentos e
adversidades terrenas. Quem nunca pisou o lagar da dor e do sofrimento desconhece
a glória e o sabor do triunfo – com profundos sulcos de angústia cavados na
fronte banhada pelo suor, em meio a sede, desprezo, zombaria, vergonha,
abandono, o “Homem de Dores” disse: “No mundo tereis aflições” – mas logo após
vem a confortadora e animadora promessa: “tende bom animo, Eu venci o mundo”.
Porém as marcas e as pegadas da dor são rastros por toda parte – nos degraus
que rumam aos tronos encontramos marcas de sangue. O custo dos cetros são as
cicatrizes adquiridas – as nossas coroas são conquistadas e arrancadas das mãos
dos gigantes que vencermos, enfrentarmos e fizermos tombar. Não é segredo que o
sofrimento sempre foi a porção dos grandes conquistadores.
A tribulação tem sido também uma marca em
comum na trajetória dos grandes reformadores e expressivos homens espirituais,
Paulo, Lutero, Wesley, John Huss, irmãos morávios... – grandes livros só
chegaram até nossa geração, após serem escritos com o sangue do autor, “Papillon” um clássico imortal; “O Peregrino”,
em que os raios cintilantes daquela visão iluminaram as frias e escuras paredes
da velha e úmida prisão de Bedford, onde João Bunyan, o glorioso gênio, nobre
prisioneiro, fiel e dedicado servo, transcrevia fielmente e imortalizava a cena
que hoje permeia em nossas mãos. Temos uma dívida eterna de gratidão para com
todos estes que de alguma maneira, pagaram um preço elevado para deixar-nos o
seu legado.
"Agora, compelido pelo Espírito, estou
indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali. Todavia, não me
importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente
puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me
confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus" (Atos 20.22,24).
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