segunda-feira, 23 de março de 2015

Manter o equilíbrio nas tensões


É intrigante notar que Jesus não é afetado pela tensão encontrada nos discípulos naquele dia.
“Despeça a multidão”, “mande a multidão embora, Mestre!” Pedem preocupados, e com justa razão. “Afinal”, dizem, “Você já os ensinou, curou-os, consolou-os...e agora estão famintos...se não os despedirmos, vão querer comida também!”
Imaginemos a expressão de espanto nos rostos deles quando ouviram a resposta do Mestre...
“Vocês – deem algo de comer a eles...”
Ao invés de olharem para Deus, observaram os seus recursos. “Isso custaria cerca de oito meses de salário de um homem! Devemos gastar tudo isso em pão para que comam?”
“V-v-você só pode estar de brincadeira!” “Ele não pode estar falando sério, a menos que tenha perdido o juízo de vez!”
“Deve estar de brincadeiras, só pode!”...”Você tem alguma idéia de quantas pessoas estão aí?”
Os olhos arregalados, esbugalhados feito laranja... as bocas abertas de espanto...um ouvido atento ao rumor da multidão, o outro às ordens do Mestre, “recém surtado”.
Não deixemos de observar os pontos de vista contrastantes:
Quando Jesus viu a multidão, contemplou a oportunidade de glorificar e revelar as habilidades do Deus Pai, visualizou a chance de amar e valorizar aquelas pessoas sofridas e necessitadas que ali estavam; em contra-partida os discípulos viram naquela multidão a presença de milhares de problemas, conflitos e grande confusão; que certamente iriam evitar dispensando-as logo.
Outro ponto que também é uma ironia, nesta situação é que estão dentro da “Padaria Celestial” – na presença do “Padeiro Eterno” – dizem ao “Pão da Vida” que não há “Pão” para saciá-los. Seria talvez necessário para a ocasião desenvolver uma nova receita do Maná celestial?
Como devemos parecer tolos aos olhos de Deus, KKKKKKK
Ter-se-ia encurtado a mão do SENHOR? Suas habilidades envelheceram com o passar do nosso tempo?
Aqui é exatamente o ponto em que Jesus poderia ter desistido, qualquer um de nós, faria isso. Esse era o momento em que deveria ter explodido, após um dia cheio de tensões. A tristeza, os perigos da vida, as pressões, a opulência dos soberbos e incrédulos, a multidão sempre querendo mais, as interrupções, os pedidos, as necessidades urgentes de cada um... e agora isso! Os seus próprios discípulos não conseguem fazer o que lhes pede. Diante de cinco mil pessoas, decepcionam-No.
“Ilumine-me, tem misericórdia de Mim, até quando terei que suportá-los, Pai?” Deveriam ter sido as palavras seguintes de Jesus. Mas não foram essas. Ao invés disso, pacientemente pergunta: “Quantos pães vocês têm?”
Os discípulos lhe trazem o lanche de um rapaz.
Um lanche modesto se transforma num banquete, e todos se alimentam até saciarem-se. Não há palavras de reprimenda, não há sobrancelhas franzidas, nem olhares rancorosos, não se ouve nenhum discurso tipo: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”...nem, “o que foi que eu lhe disse, mesmo?” Não, nada disso, Jesus dedica aos seus amigos a mesma compaixão e compreensão que oferece à multidão, pois afinal de contas Ele mesmo afirma:

“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo”... (João 10.29).

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