A tristeza é melhor do que o riso, porque o
rosto triste melhora o coração.
Eclesiastes 7.3
Quando a tristeza encontra-se submissa ao
controle da graça divina, admiravelmente ela tem múltiplo ministério em nos –
revela facetas ignoradas do nosso ser, expõe profundezas desconhecidas de nossa
alma, descortina e aprimora capacidades, experiências, dons, talentos, serviços
e utilidades que até então eram estranhos a nos.
Há muitos de nós que rotineiramente levamos
uma vida fútil, como folha seca vagando, como rolha flutuando a mercê da
maré; levianas, inconsequentes, sem vínculo nem raiz, sempre superficiais, descompromissados,
desobrigados, que nem de leve calculamos a dimensão da mesquinhez em nossa própria
natureza...
Então, o sofrimento é o arado divino,
revolve as profundezas, retira as pedras, pedregulhos, escoras, residos do solo rochoso do
interior da alma, nivela o solo, prepara e aduba a terra para produzir uma abundante
colheita.
Em nosso mundo de natureza decaída, a
escola do sofrimento, desprovida da revolta e do desespero; é a ferramenta
preparada pelo SENHOR para expor-nos e revelar-nos a nos mesmos; nossa pequenez,
dependência, falhas e limites, para que ninguém se ensoberbeça. É a função da
dor que trás a introspecção, o pensar e o pesar profundo, o meditar longo e
sobriamente, é o prumo de Deus nivelando, trabalhando, depurando nossa alma
rebelde, vaidosa e altaneira, inflada de si...
Sim, o sofrimento nos conduz a um mover
mais comedido, mais devagar, atentos para onde vamos pisar e o que vamos
calcar, refletirmos com mais respeito e consideração ao próximo, leva-nos a ponderar
e pesar nossas razões, reações, avaliações, escolhas, motivos e atitudes.
A bem da verdade, o sofrimento descortina
aos nossos olhos as potencialidades do investimento de Deus em nossa vida
espiritual, e só através dele, muitos de nós se dispõe a usar toda nossa capacitação
para servir a Deus e ao próximo, do contrário permaneceríamos evitando a
fadiga, deitados em berço esplêndido, contando carneirinhos, esperando os dias
passarem...
Imaginemos um grupo de pessoas indolentes,
sem iniciativa, vivendo na margem de grandes montanhas, sem nunca se aventurarem
a explorar seus vales, reentrâncias, escalarem seus picos; satisfeitos com sua
modesta e comedida vida rotineira... Até que surge uma violenta tempestade, que
bate contra aquelas montanhas, rasga e expõe sua garganta e interior, põe a
mostra as câmaras ocultas do vale. Os habitantes do sopé dos montes,
maravilhados, passam então usufruir dos segredos inexplorados de uma região tão
familiar e conhecida mas ao mesmo tempo estranha e magnífica. É bem assim que
ocorre com alguns de nós, vivemos distraidamente na periferia de nossa própria
natureza, indolentes e alheios a tudo, até sermos açoitados pelas grandes
tempestades de sofrimento que nos desperta da letargia, vem revelar profundezas
escondidas do nosso ser, que até então nem calculávamos possuir.
Nenhum de nós somos muito uteis a Deus, sem
que antes sejamos moídos, quebrados; até conscientizarmos de que na verdade
nada somos, dependemos Dele em tudo, se exteriorizamos algo de bom provem
Dele... É o sofrimento que enobrece a alma.
José por exemplo, sofreu mais que seus
outros irmãos, os demais filhos de Jacó – e este preparo lhe conferiu a nobre
tarefa de fornecer suprimento a todas as nações de então. A esse respeito o Espírito
Santo mencionou sobre ele:
"José é uma árvore frutífera, árvore
frutífera à beira de uma fonte, cujos galhos passam por cima do muro.
...Que todas essas bênçãos repousem sobre a
cabeça de José, sobre a fronte daquele que foi separado de entre os seus
irmãos" (Gênesis 49.22,26).
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