Amarga traição

"Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me; mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado, você, com quem eu partilhava agradável comunhão”...

                  Salmos 55.12-14

A traição muitas vezes causa danos irreparáveis, estraçalha nosso coração e deixa cicatrizes profundas, que somente a terapia do Criador pode recuperar e curar.

Vivemos tempos difíceis, muitos enganos, o estresse leva as pessoas a terem atitudes inesperadas, a traição nos cerca por todos os lados. A permissividade é um convite para que tudo pareça natural, então o errado torna-se certo e o certo torna-se intolerância e ignorância. Os divórcios e separações são corriqueiros, abuso infantil não é mais novidade, corrupção, fofoca, violência levam traição a todos os lares. Mas essa história é antiga, só muda o cenário e a frequência que ocorrem...

José do Egito, sofreu uma terrível e cruel traição dos próprios irmãos, no entanto pode mais tarde perceber e constatar que: ..."Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito" (Romanos 8.8).

Quando Jesus de Nazaré reuniu seus doze discípulos na sala da ceia, Judas se esgueirou pelas sombras para vender o Filho de Deus por trinta moedas de prata. Se o próprio Jesus não foi poupado do sabor amargo da traição, podemos concluir que também estamos suscetíveis a enfrentá-la um dia.

Júlio Cesar, o imperador que conduziu Roma ao pináculo de sua majestade e poder, era adorado e respeitado por muitos dos seus liderados, mas era desprezado pelo senado romano. Então uma conspiração para assassiná-lo foi tramada por homens dos quais ele mesmo havia nomeado, para ocupar lugar de destaque em seu governo, homens que deviam muito a ele. Brutus, membro do senado, era considerado o melhor amigo e confidente de Cesar. Na conspiração os assassinos concordaram que todos deveriam apunhalar o imperador, de modo que a culpa seria compartilhada igualmente. Como abutres arremeteram contra Cesar e começaram a apunhalá-lo covardemente. A história conta que ele lutou violentamente e resistiu bravamente contra seus atacantes até ver o rosto de Brutus, ao ver a adaga na mão de seu amigo, perdeu a vontade de lutar e fraquejou... Julio Cesar morreu de traição, no momento em que Brutus golpeou seu corpo ensanguentado. 

Assim acontece nessa corrida pelo fantasma do poder, riqueza, glória, conquista, sucesso, os verdadeiros valores são subtraídos pelo conflito de interesse.

Mas por pior, doloroso, vexatório, desagradável, humilhante, que possa ser o desapontamento de uma traição, ela não é nem de longe páreo para o Deus a quem servimos. Estamos neste mundo, mas não pertencemos a ele, vivemos pela fé e não segundo os padrões daqui... O Deus Criador de todas as coisas é também capaz de lidar com nossas dores, nossos sofrimentos, nossos dissabores, nossos inimigos... Haveria algo fora do controle Dele?

Precisamos aprender controlar nossas emoções, nossas decisões e nosso comportamento... não sermos mais controlados pelas circunstâncias e assumir o controle através de nossas escolhas. Enquanto não afirmarmos “sou hoje exatamente o que decidi ser ontem”, sempre estaremos vulneráveis e seremos vítimas ao invés de vencedores. 

Quando formos traídos, quando lábios mentirosos suprimirem a verdade, quando a justiça tardar... precisamos nos lembrar que Deus é fiel... a traição pode nos tornar amargos ou melhores, superiores às imundícies desse mundo. Não superaremos a dor da traição até conhecermos o poder do SENHOR, Ele pode nos livrar de todas as tribulações e do mais profundo abismo.

"Ponha a sua esperança no Senhor, ó Israel, pois no Senhor há amor leal e plena redenção" (Salmos 130.7).

"É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, que enche de bens a sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia. O Senhor faz justiça e defende a causa dos oprimidos" (Salmos 103.3-6).