Ele foi oprimido e afligido; e, contudo,
não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma
ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.
Isaías 53.7
Em gritante contraste com a atitude de
Jesus, que partiu na direção de Jerusalém disposto a CUMPRIR a vontade de DEUS,
os discípulos que o acompanhavam queriam apenas receber uma posição de PODER E
GLORIA.
No princípio da jornada, Jesus lhes havia
revelado claramente a vontade de Deus: Ele deveria ser entregue nas mãos dos
gentios, para ser torturado e morto e então ressuscitar da sepultura ao
terceiro dia. Eles, porém, não entenderam, criam que Jesus estava indo a
Jerusalém para restaurar Israel e estabelecer um reino terrestre.
Quando se aproximavam de Cafarnaum,
começaram a discutir (Marcos 9.33-37). Podemos imaginá-los andando pela estrada
e falando com voz exaltada:
— Ninguém batizou mais gente que eu!
— Pode ser, mas eu sou o mais instruído.
Mereço a posição mais importante!
Pensavam apenas na glória e no poder. Não
percebiam ou não queriam ver que havia um preço a pagar.
Mais adiante, ao deixar a Galiléia e entrar
na Judéia, Pedro perguntou a Jesus: "Nós deixamos tudo para seguir-te! Que
será de nós? Jesus lhes disse: 'Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração
de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso,
vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze
tribos de Israel'" (Mateus 19 27.28).
Ao se aproximarem de Jerusalém, a
expectativa dos discípulos aumentou. Sem ainda compreender a vontade de Deus,
estavam convencidos de que Jesus estabeleceria um reino terrestre em Jerusalém
e pensavam na glória que Ele lhes prometera.
Cerca de uma semana antes, Cristo lhes
falara do sofrimento e da morte que enfrentaria em Jerusalém. E agora,
mais uma vez, chamou de lado os discípulos e declarou: "Estamos subindo
para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e
aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para
que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem. No terceiro dia ele ressuscitará!
'“ (Mateus 20.18.19).
Os discípulos ouviram Jesus falar
claramente sobre a sua morte, mas a mente deles estava ocupada com pensamentos
de glória. A mente natural rejeitava a idéia de que Jesus tinha de passar pela
dor e pela morte, bem como a possibilidade de que eles também pudessem ser
maltratados e mortos. Era muito doloroso pensar nisso.
Logo após a declaração de Jesus, Tiago e
João chamaram Jesus para uma conversa em particular: '"Mestre, queremos
que nos faças o que vamos te pedir'. O que vocês querem que eu lhes faça? perguntou
ele. Eles responderam: 'Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua
direita e o outro à tua esquerda'. Disse-lhes Jesus: 'Vocês não sabem o que
estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados
com o batismo com que estou sendo batizado? ' 'Podemos', responderam eles"
(Marcos 10.35-39).
Em essência, Jesus estava dizendo:
"Existe um preço a pagar. Vocês devem estar capacitados e dispostos a
beber do cálice que eu bebo".
Sem compreender totalmente o significado e
ansiosos por terem a solicitação concedida, Tiago e João responderam
rapidamente: "Oh, sim! Somos capazes. Desejamos beber do mesmo
cálice".
Compartilhar o cálice era uma expressão que
significava compartilhar o destino com alguém. O "cálice" que Jesus
logo iria beber estava cheio de tristeza, angústia, dor e morte. Continha os
pecados do mundo, de toda a humanidade, de todas as gerações; incluía a coroa
de espinhos, a zombaria, os açoites, as cuspinhadas, a vergonha, a humilhação e
a morte.
Jesus sabia que só pela obediência à
vontade de Deus, bebendo o cálice de dores, Ele poderia conquistar a vitória
suprema sobre Satanás. Sabia que somente pelo derramamento do próprio sangue a
vontade de Deus seria efetivada.
Assim, o sangue de Cristo, que pelo
Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa
consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! No caso
de um testamento, é necessário que se comprove a morte daquele que o fez, pois
só assim tal documento poderá ser executado, uma vez que nunca vigora enquanto
está vivo o testador. Por isso, a primeira aliança foi também sancionada com o
sangue (Hebreus 9.14-18).
Por meio do derramamento do sangue de
Jesus, a vontade de Deus foi declarada válida e posta em ação! Conhecendo o
preço — o cálice de dores que devia beber em Jerusalém — Jesus não mudou de
direção. Os seus ouvidos estavam abertos para ouvir a vontade de Deus. Ele não
foi rebelde. E rumou para Jerusalém, a fim de enfrentar Satanás. Estava
DETERMINADO — independente do custo — A FAZER A VONTADE DE DEUS, e assim
continuou a caminhar pela estrada poeirenta de Jerusalém!
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