É intrigante notar que Jesus não é afetado
pela tensão encontrada nos discípulos naquele dia.
“Despeça a multidão”, “mande a multidão
embora, Mestre!” Pedem preocupados, e com justa razão. “Afinal”, dizem, “Você
já os ensinou, curou-os, consolou-os...e agora estão famintos...se não os
despedirmos, vão querer comida também!”
Imaginemos a expressão de espanto nos
rostos deles quando ouviram a resposta do Mestre...
“Vocês – deem algo de comer a eles...”
Ao invés de olharem para Deus, observaram
os seus recursos. “Isso custaria cerca de oito meses de salário de um homem!
Devemos gastar tudo isso em pão para que comam?”
“V-v-você só pode estar de brincadeira!” “Ele
não pode estar falando sério, a menos que tenha perdido o juízo de vez!”
“Deve estar de brincadeiras, só pode!”...”Você
tem alguma idéia de quantas pessoas estão aí?”
Os olhos arregalados, esbugalhados feito
laranja... as bocas abertas de espanto...um ouvido atento ao rumor da multidão,
o outro às ordens do Mestre, “recém surtado”.
Não deixemos de observar os pontos de vista
contrastantes:
Quando Jesus viu a multidão, contemplou a
oportunidade de glorificar e revelar as habilidades do Deus Pai, visualizou a
chance de amar e valorizar aquelas pessoas sofridas e necessitadas que ali estavam;
em contra-partida os discípulos viram naquela multidão a presença de milhares
de problemas, conflitos e grande confusão; que certamente iriam evitar
dispensando-as logo.
Outro ponto que também é uma ironia, nesta
situação é que estão dentro da “Padaria Celestial” – na presença do “Padeiro
Eterno” – dizem ao “Pão da Vida” que não há “Pão” para saciá-los. Seria talvez
necessário para a ocasião desenvolver uma nova receita do Maná celestial?
Como devemos parecer tolos aos olhos de
Deus, KKKKKKK
Ter-se-ia encurtado a mão do SENHOR? Suas
habilidades envelheceram com o passar do nosso tempo?
Aqui é exatamente o ponto em que Jesus
poderia ter desistido, qualquer um de nós, faria isso. Esse era o momento em
que deveria ter explodido, após um dia cheio de tensões. A tristeza, os perigos
da vida, as pressões, a opulência dos soberbos e incrédulos, a multidão sempre
querendo mais, as interrupções, os pedidos, as necessidades urgentes de cada
um... e agora isso! Os seus próprios discípulos não conseguem fazer o que lhes
pede. Diante de cinco mil pessoas, decepcionam-No.
“Ilumine-me, tem misericórdia de Mim, até
quando terei que suportá-los, Pai?” Deveriam ter sido as palavras seguintes de
Jesus. Mas não foram essas. Ao invés disso, pacientemente pergunta: “Quantos
pães vocês têm?”
Os discípulos lhe trazem o lanche de um
rapaz.
Um lanche modesto se transforma num
banquete, e todos se alimentam até saciarem-se. Não há palavras de reprimenda,
não há sobrancelhas franzidas, nem olhares rancorosos, não se ouve nenhum
discurso tipo: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”...nem, “o que foi que
eu lhe disse, mesmo?” Não, nada disso, Jesus dedica aos seus amigos a mesma
compaixão e compreensão que oferece à multidão, pois afinal de contas Ele mesmo
afirma:
“Aquilo que meu Pai me deu é maior do que
tudo”... (João 10.29).
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