quarta-feira, 25 de março de 2015

Queremos a glória, mas não a cruz


Ele foi oprimido e afligido; e, contudo, não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca.

                         Isaías 53.7

Em gritante contraste com a atitude de Jesus, que partiu na direção de Jerusalém disposto a CUMPRIR a vontade de DEUS, os discípulos que o acompanhavam queriam apenas receber uma posição de PODER E GLORIA.
No princípio da jornada, Jesus lhes havia revelado claramente a vontade de Deus: Ele deveria ser entregue nas mãos dos gentios, para ser torturado e morto e então ressuscitar da sepultura ao terceiro dia. Eles, porém, não entenderam, criam que Jesus estava indo a Jerusalém para restaurar Israel e estabelecer um reino terrestre.
Quando se aproximavam de Cafarnaum, começaram a discutir (Marcos 9.33-37). Podemos imaginá-los andando pela estrada e falando com voz exaltada:
— Ninguém batizou mais gente que eu!
— Pode ser, mas eu sou o mais instruído. Mereço a posição mais importante!
Pensavam apenas na glória e no poder. Não percebiam ou não queriam ver que havia um preço a pagar.
Mais adiante, ao deixar a Galiléia e entrar na Judéia, Pedro perguntou a Jesus: "Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós? Jesus lhes disse: 'Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel'" (Mateus 19 27.28).
Ao se aproximarem de Jerusalém, a expectativa dos discípulos aumentou. Sem ainda compreender a vontade de Deus, estavam convencidos de que Jesus estabeleceria um reino terrestre em Jerusalém e pensavam na glória que Ele lhes prometera.
Cerca de uma semana antes, Cristo lhes falara do sofrimento e da morte que enfrentaria em Jerusalém. E agora, mais uma vez, chamou de lado os discípulos e declarou: "Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios para que zombem dele, o açoitem e o crucifiquem. No terceiro dia ele ressuscitará! '“ (Mateus 20.18.19).
Os discípulos ouviram Jesus falar claramente sobre a sua morte, mas a mente deles estava ocupada com pensamentos de glória. A mente natural rejeitava a idéia de que Jesus tinha de passar pela dor e pela morte, bem como a possibilidade de que eles também pudessem ser maltratados e mortos. Era muito doloroso pensar nisso.
Logo após a declaração de Jesus, Tiago e João chamaram Jesus para uma conversa em particular: '"Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir'. O que vocês querem que eu lhes faça? perguntou ele. Eles responderam: 'Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda'. Disse-lhes Jesus: 'Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado? ' 'Podemos', responderam eles" (Marcos 10.35-39).
Em essência, Jesus estava dizendo: "Existe um preço a pagar. Vocês devem estar capacitados e dispostos a beber do cálice que eu bebo".
Sem compreender totalmente o significado e ansiosos por terem a solicitação concedida, Tiago e João responderam rapidamente: "Oh, sim! Somos capazes. Desejamos beber do mesmo cálice".
Compartilhar o cálice era uma expressão que significava compartilhar o destino com alguém. O "cálice" que Jesus logo iria beber estava cheio de tristeza, angústia, dor e morte. Continha os pecados do mundo, de toda a humanidade, de todas as gerações; incluía a coroa de espinhos, a zombaria, os açoites, as cuspinhadas, a vergonha, a humilhação e a morte.    
Jesus sabia que só pela obediência à vontade de Deus, bebendo o cálice de dores, Ele poderia conquistar a vitória suprema sobre Satanás. Sabia que somente pelo derramamento do próprio sangue a vontade de Deus seria efetivada.
Assim, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! No caso de um testamento, é necessário que se comprove a morte daquele que o fez, pois só assim tal documento poderá ser executado, uma vez que nunca vigora enquanto está vivo o testador. Por isso, a primeira aliança foi também sancionada com o sangue (Hebreus 9.14-18).

Por meio do derramamento do sangue de Jesus, a vontade de Deus foi declarada válida e posta em ação! Conhecendo o preço — o cálice de dores que devia beber em Jerusalém — Jesus não mudou de direção. Os seus ouvidos estavam abertos para ouvir a vontade de Deus. Ele não foi rebelde. E rumou para Jerusalém, a fim de enfrentar Satanás. Estava DETERMINADO — independente do custo — A FAZER A VONTADE DE DEUS, e assim continuou a caminhar pela estrada poeirenta de Jerusalém!

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