quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Cárcere da alma


Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.

                                  Mateus 6.14

Queremos muito que todos esqueçam e perdoem as nossas falhas, relevem os nossos erros, convivam com nossos defeitos... Mas convenhamos; como é difícil liberar perdão quando somos ofendidos, magoados, subtraídos, e conviver com as falhas alheias, então?!... É um trabalho para um grupo raro e seleto de super humanos!
Acontece que a amargura, o ressentimento, a falta de perdão é um cárcere, uma verdadeira prisão. Como uma redoma lodenta e fétida das lamúrias e lamentações; apoiada numa base endurecida pelo ódio, fermentado pela mistura homogeneizada da raiva somada à ira. Do forte odor da traição sobe um vapor rancoroso que enche o ar, intoxica as narinas e arde, queima e impede a visão. A autocomiseração e autopiedade paralisam a iniciativa, atrofiando o desejo de liberdade, de vencerem a inércia e buscarem a luz no fim do túnel. Afinal,"Foi para a liberdade que Cristo nos libertou"!
Se pudéssemos fazer um tour aleatoriamente pelas mentes e pensamentos humanos, este seria um quadro bem corriqueiro.
Observemos os prisioneiros, acorrentados em suas próprias limitações; são vítimas da traição, da luxuria, escravos do mundanismo, dos vícios, do consumismo, dos abusos... A masmorra, feito uma cova larga, escura e profunda é um convite sedutor e constante aos menos avisados...
A qualquer desatenção, bem sabemos que há caminhos de mão única, onde poucos conseguem encontrar retorno. Afinal, todos já experimentamos contrariedades, presenciamos injustiças, superamos obstáculos, enfrentamos crises; tristezas e angústias nos assolaram, dores e sofrimentos deixaram marcas cravadas em nós o suficiente.
Então, podemos como muitos e tantos, prendermos à nossa dor; sim, uma dor só nossa, monopolizada em nosso ser, enraizada, incrustada, colocada em uma redoma, onde podemos a todo instante busca-la, revive-la, chorá-la, rememorá-la em cada detalhe... Ou podemos, como raros e poucos; despir, descartar os trapos do sofrimento, da falta de perdão, da dor, da injustiça, das contrariedades no vasto cesto do lixo das idas e tristes lembranças, antes que a raiz de amargura torna-se ódio e petrifique nosso pequenino e errante coração.
"Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis"? (Isaías 43.18-19).
Como Deus lida com as nossas frustrações, amarguras, insatisfações, contrariedades, pequenez,...? Ele simplesmente nos faz saber que aquilo que somos e temos Nele é astronomicamente superior a tudo o que imaginamos não ter. Sem contar que, por menores, mais pequeninos e insignificantes que nos sintamos ou nos permitimos sentir, por maior e mais profunda que seja a vala da opressão ou depressão que estejamos; isto não nos diminui diante Dele, nem abala ou arranha o nosso relacionamento e intimidade com o SENHOR, e isto ninguém pode roubar de nós. A graça, misericórdia e o poder reconfortante de Deus são terapêuticos para a cura da alma, Nele podemos descansar.

"Se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens, e nos confiou a mensagem da reconciliação" (2 Coríntios 5.17-19). 

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