quinta-feira, 7 de julho de 2016

Assim como Deus nos perdoa


Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.

                                  Mateus 6.14

Muitas são as injustiças que sofremos ao longo de nossa existência, uns mais outros menos, mas de alguma maneira, há sempre pessoas em nosso caminho que nos causa dor e sofrimento. Devemos orar por elas, embora desculpar seja um tanto complicado, mas podemos orar para que o SENHOR nos ensine a perdoar assim como Ele mesmo nos perdoa.
Neste sentido há um renomado autor que narra em uma de suas obras, o testemunho de um cristão que nos faz meditar profundamente, e diz assim:
“Nunca vou a noite em que Deus me deu uma real compaixão pelos brancos – ocasião em que os oficiais da polícia do Mississípi espancaram-me quase à morte.
Era um domingo de fevereiro de 1970, por volta das 18.30 horas. Ao chegar à cadeia, horrorizado e muito assustado por ter sido preso, pude ver as pessoas também encarceradas e o estado que se encontravam, nada animador.
Quando entrei na prisão, o xerife se dirigiu a mim, ameaçador: - Este é o negro esperto? Você não está no município de Simpson negão, agora; está em Brandon! Começou a espancar-me e daí em diante continuou a fazê-lo. Parecia não ter como piorar a minha situação, mas ao cair da noite; ficou pior... Um oficial trouxe um garfo e empunhando-o, perguntou: - Está vendo isto? E enfiou-o, espetando-o em meu nariz. Depois, forçou-o para dentro de minha garganta, provocando-me ânsias e dor extrema... Então passou a chutar-me, bater-me e pisotear-me no chão...
Recordo-me nitidamente seus rostos – retorcidos pelo ódio serravam os dentes. Era como olhar nos rostos de demônios brancos. Então, pela primeira vez pude contemplar o que o ódio fizera àquelas pessoas: Esses oficiais, embora tivessem um cargo, eram pobres; viam-se a si mesmos como fracassados. O único meio que conheciam de atribuir-lhes um senso de valor era espancar-me. Dar vazão ao seu racismo fazia-os se sentirem alguém.
A sessão de espancamento, os abusos, a frustração, a revolta e a amargura que me impuseram cobraram seus dividendos; em julho de 1970 tive um ataque cardíaco, fui hospitalizado em Mound Bayou, uma pequenina comunidade negra, onde ajudara a organizar algumas cooperativas. Após uma breve recuperação, achei-me de volta no mesmo hospital, com úlceras, onde tive que retirar dois terços do estômago...
Deitado naquele leito de hospital tive tempo para pensar. Pensei a respeito dos negros e dos brancos. Como é que em um país que afirmava ser pela liberdade e justiça para todos, um negro do Mississípi nunca pudera obter justiça? Pensei no fato de, no Mississípi, os cristãos serem os maiores racistas brancos.
Então o Espírito de Deus trabalhou em mim enquanto me encontrava naquele leito. Uma imagem formou-se nitidamente na minha mente – a imagem de uma cruz, e Cristo sobre a cruz. Este Jesus sabia exatamente o que eu sofrera, nenhum dos meus horrores foi oculto ou passou despercebido por Ele. Ele se importava comigo, me entendia, se preocupava; porque Ele mesmo havia passado por tudo aquilo, por isso eu estava ainda ali.
Ele me levou a ler repetidamente Mateus 6.14,15, calmamente, várias vezes na cama:
Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas (Mateus 6.14,15).
Entendi que para receber o perdão de Deus, teria que necessariamente perdoar os que me feriram. Enquanto eu orava, os rostos daqueles policiais um a um, passaram diante de mim, e perdoei cada um deles. As faces de outras pessoas brancas surgiram, e minha memória alcançou lembranças mais antigas de minha remota e sofrida infância, e fui perdoando todas elas. Até que pude sentir Deus operar uma cura interior profunda, fiquei livre de todas aquelas amargas feridas que me impediam de amar os brancos.
Jamais vou esquecer o suave agir de Deus em mim, como foram doces o perdão e a cura do nosso Criador”!

"O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. E como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as nossas transgressões" (Salmos 103. 8,10,12).

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