Pois se perdoarem as
ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará.
Mateus 6.14
Muitas são as injustiças
que sofremos ao longo de nossa existência, uns mais outros menos, mas de alguma
maneira, há sempre pessoas em nosso caminho que nos causa dor e sofrimento.
Devemos orar por elas, embora desculpar seja um tanto complicado, mas podemos
orar para que o SENHOR nos ensine a perdoar assim como Ele mesmo nos perdoa.
Neste sentido há um
renomado autor que narra em uma de suas obras, o testemunho de um cristão que
nos faz meditar profundamente, e diz assim:
“Nunca vou a noite em que
Deus me deu uma real compaixão pelos brancos – ocasião em que os oficiais da
polícia do Mississípi espancaram-me quase à morte.
Era um domingo de
fevereiro de 1970, por volta das 18.30 horas. Ao chegar à cadeia, horrorizado e
muito assustado por ter sido preso, pude ver as pessoas também encarceradas e o
estado que se encontravam, nada animador.
Quando entrei na prisão, o
xerife se dirigiu a mim, ameaçador: - Este é o negro esperto? Você não está no
município de Simpson negão, agora; está em Brandon! Começou a espancar-me e daí
em diante continuou a fazê-lo. Parecia não ter como piorar a minha situação, mas
ao cair da noite; ficou pior... Um oficial trouxe um garfo e empunhando-o, perguntou:
- Está vendo isto? E enfiou-o, espetando-o em meu nariz. Depois, forçou-o para
dentro de minha garganta, provocando-me ânsias e dor extrema... Então passou a
chutar-me, bater-me e pisotear-me no chão...
Recordo-me nitidamente
seus rostos – retorcidos pelo ódio serravam os dentes. Era como olhar nos rostos
de demônios brancos. Então, pela primeira vez pude contemplar o que o ódio fizera àquelas pessoas: Esses
oficiais, embora tivessem um cargo, eram pobres; viam-se a si mesmos como
fracassados. O único meio que conheciam de atribuir-lhes um senso de valor era
espancar-me. Dar vazão ao seu racismo fazia-os se sentirem alguém.
A sessão de espancamento,
os abusos, a frustração, a revolta e a amargura que me impuseram cobraram seus
dividendos; em julho de 1970 tive um ataque cardíaco, fui hospitalizado em
Mound Bayou, uma pequenina comunidade negra, onde ajudara a organizar algumas
cooperativas. Após uma breve recuperação, achei-me de volta no mesmo hospital,
com úlceras, onde tive que retirar dois terços do estômago...
Deitado naquele leito de
hospital tive tempo para pensar. Pensei a respeito dos negros e dos brancos. Como
é que em um país que afirmava ser pela liberdade e justiça para todos, um
negro do Mississípi nunca pudera obter justiça? Pensei no fato de, no
Mississípi, os cristãos serem os maiores racistas brancos.
Então o Espírito de Deus
trabalhou em mim enquanto me encontrava naquele leito. Uma imagem formou-se
nitidamente na minha mente – a imagem de uma cruz, e Cristo sobre a cruz. Este
Jesus sabia exatamente o que eu sofrera, nenhum dos meus horrores foi oculto ou
passou despercebido por Ele. Ele se importava comigo, me entendia, se
preocupava; porque Ele mesmo havia passado por tudo aquilo, por isso eu estava
ainda ali.
Ele me levou a ler
repetidamente Mateus 6.14,15, calmamente, várias vezes na cama:
Pois se perdoarem as
ofensas uns dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não
perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas (Mateus
6.14,15).
Entendi que para receber o
perdão de Deus, teria que necessariamente perdoar os que me feriram. Enquanto
eu orava, os rostos daqueles policiais um a um, passaram diante de mim, e
perdoei cada um deles. As faces de outras pessoas brancas surgiram, e minha
memória alcançou lembranças mais antigas de minha remota e sofrida infância, e
fui perdoando todas elas. Até que pude sentir Deus operar uma cura interior
profunda, fiquei livre de todas aquelas amargas feridas que me impediam de amar
os brancos.
Jamais vou esquecer o
suave agir de Deus em mim, como foram doces o perdão e a cura do nosso Criador”!
"O Senhor é
compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. Não nos trata
conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades. E
como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as
nossas transgressões" (Salmos 103. 8,10,12).
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