sábado, 29 de julho de 2017

Derrubado, mas não derrotado


Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

                              2 Coríntios 4.8,9

Interessante como exatamente quando nos encontramos no caminho do dever é que surgem e se levantam os gigantes.
Há um senso comum de que o agir do poder divino na vida humana deve erguê-la acima das dificuldades, lutas, adversidades, provas e dos conflitos de um modo geral. O fato porém, é que na verdade, o poder de Deus sempre atrai conflitos e combates, enquanto estivermos servindo ao deus desse mundo, nada se indispõe a nós.
Ficamos a pensar que em sua viagem missionária à Roma Paulo estivesse, por alguma poderosa manifestação divina, livre dos embates, intempéries, das tempestades e dos inimigos. Pensamos que de repente, Paulo fosse poupado das adversidades, como se colocado em uma redoma blindada, já que estava a serviço e disposição do Mestre. Mas, constatamos que bem ao contrário disso, sua viagem foi uma luta dura, acirrada e longa contra as perseguições dos judeus, contra os violentos temporais, contra víboras e todos os poderes da terra e do inferno como se unidos num complô, um conglomerado organizado e orquestrado com o intuito de derrotá-lo; e quando finalmente escapou, safou-se nadando até a ilha de Malta, segurando-se nos destroços do navio; por pouco não teve o mar por sepultura.
Então as vezes, questionamos meio que assustados: seria isto próprio de um Deus que é Todo-Poderoso? Sim, exatamente.
E Paulo nos diz mais, que quando colocou o SENHOR Jesus Cristo  como a vida de seu corpo, veio-lhe imediatamente um grave conflito, aliás, conflito este do qual nunca se livrou, uma pressão persistente, mas que ele sempre saiu vitorioso pela Presença e força de Jesus Cristo.
É isso que entendemos quando em seu linguajar eloquente nos diz:
"Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos; pois nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Coríntios 4.8-11).
Que combate incessante! Não conseguimos verbalizar com exatidão em nosso idioma, a força das expressões do texto original, usadas por ele para registrar. Há que considerarmos ali cinco figuras sequenciais.
Na primeira, a ideia é a de inimigos cercando-o de todos os lados; entretanto não o podiam esmagar porque os exércitos celestiais os mantinham a uma razoável distancia, o suficiente para que ele escapasse. A tradução literal poderia tranquilamente ser: "Somos apertados de todos os lados, porém não esmagados".
A segunda figura é a de alguém cujo caminho parece totalmente fechado e que, apesar disso, não esmorece, avança com luz o suficiente para mostrar-lhe o próximo passo, totalmente confiado, rendido e entregue aos cuidados e poder de Deus.
A terceira figura é a de um inimigo a persegui-lo ferozmente, mas ele não está só – o divino Defensor está ao seu lado, não o desampara em momento algum.
A quarta figura é ainda mais vívida e dramática. O inimigo agora o alcançou, atingiu, feriu e derrubou. Mas o golpe não foi fatal, ele ainda reúne forças para erguer-se e levantar-se novamente antes de soar o gongo. A tradução poderia ser: "derrubado, mas não derrotado".
A quinta figura vai mais além, mais trágica, agora parece ser a própria morte: "Levando sempre no corpo o morrer de Jesus". Mas a vida de Jesus também se faz presente em quem se dispõe a morrer com Ele, pois agora ele vive a vida de Cristo, escondido Nele até completar e concluir o seu ministério na terra; os valores, ilusões, vaidades, conquistas terrenas já não podem mais afetá-lo.  
"Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" ... (Filipenses 1.21).
Sim, os lugares de difícil acesso são a própria escola da fé e do caráter.
"Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna.

Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos com ele, também com ele viveremos; se perseveramos, com ele também reinaremos"; (2 Timóteo 2.10-12).

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