Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não
desamparados; abatidos, mas não destruídos;
2 Coríntios 4.8,9
Interessante como exatamente quando nos
encontramos no caminho do dever é que surgem e se levantam os gigantes.
Há um senso comum de que o agir do poder
divino na vida humana deve erguê-la acima das dificuldades, lutas,
adversidades, provas e dos conflitos de um modo geral. O fato porém, é que na
verdade, o poder de Deus sempre atrai conflitos e combates, enquanto estivermos
servindo ao deus desse mundo, nada se indispõe a nós.
Ficamos a pensar que em sua viagem
missionária à Roma Paulo estivesse, por alguma poderosa manifestação divina,
livre dos embates, intempéries, das tempestades e dos inimigos. Pensamos que de
repente, Paulo fosse poupado das adversidades, como se colocado em uma redoma
blindada, já que estava a serviço e disposição do Mestre. Mas, constatamos que
bem ao contrário disso, sua viagem foi uma luta dura, acirrada e longa contra
as perseguições dos judeus, contra os violentos temporais, contra víboras e todos
os poderes da terra e do inferno como se unidos num complô, um conglomerado
organizado e orquestrado com o intuito de derrotá-lo; e quando finalmente
escapou, safou-se nadando até a ilha de Malta, segurando-se nos destroços do
navio; por pouco não teve o mar por sepultura.
Então as vezes, questionamos meio que
assustados: seria isto próprio de um Deus que é Todo-Poderoso? Sim, exatamente.
E Paulo nos diz mais, que quando colocou o
SENHOR Jesus Cristo como a vida de seu
corpo, veio-lhe imediatamente um grave conflito, aliás, conflito este do qual
nunca se livrou, uma pressão persistente, mas que ele sempre saiu vitorioso
pela Presença e força de Jesus Cristo.
É isso que entendemos quando em seu
linguajar eloquente nos diz:
"Em tudo somos atribulados, mas não
angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não
desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre no corpo o morrer
de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos; pois
nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que
também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (2 Coríntios
4.8-11).
Que combate incessante! Não conseguimos
verbalizar com exatidão em nosso idioma, a força das expressões do texto
original, usadas por ele para registrar. Há que considerarmos ali cinco figuras
sequenciais.
Na primeira, a ideia é a de inimigos
cercando-o de todos os lados; entretanto não o podiam esmagar porque os
exércitos celestiais os mantinham a uma razoável distancia, o suficiente para
que ele escapasse. A tradução literal poderia tranquilamente ser: "Somos apertados
de todos os lados, porém não esmagados".
A segunda figura é a de alguém cujo caminho
parece totalmente fechado e que, apesar disso, não esmorece, avança com luz o
suficiente para mostrar-lhe o próximo passo, totalmente confiado, rendido e
entregue aos cuidados e poder de Deus.
A terceira figura é a de um inimigo a
persegui-lo ferozmente, mas ele não está só – o divino Defensor está ao seu
lado, não o desampara em momento algum.
A quarta figura é ainda mais vívida e
dramática. O inimigo agora o alcançou, atingiu, feriu e derrubou. Mas o golpe
não foi fatal, ele ainda reúne forças para erguer-se e levantar-se novamente
antes de soar o gongo. A tradução poderia ser: "derrubado, mas não derrotado".
A quinta figura vai mais além, mais
trágica, agora parece ser a própria morte: "Levando sempre no corpo o
morrer de Jesus". Mas a vida de Jesus também se faz presente em quem se
dispõe a morrer com Ele, pois agora ele vive a vida de Cristo, escondido Nele
até completar e concluir o seu ministério na terra; os valores, ilusões,
vaidades, conquistas terrenas já não podem mais afetá-lo.
"Porque para mim o viver é Cristo e o
morrer é lucro" ... (Filipenses 1.21).
Sim, os lugares de difícil acesso são a
própria escola da fé e do caráter.
"Por isso, tudo suporto por amor dos
eleitos, para que também eles alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com
glória eterna.
Fiel é esta palavra: Se, pois, já morremos
com ele, também com ele viveremos; se perseveramos, com ele também
reinaremos"; (2 Timóteo 2.10-12).
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