Foi-me bom ter sido afligido, para que
aprendesse os teus estatutos.
Salmos 119.71
Se bem analisarmos, perceberemos que há
diversos momentos na vida em que é fundamental e de suma a importância o desempenho
do nosso sistema nervoso, pois através dele podemos sentir pressão,
temperatura, dor, medo...
Habitualmente vemos a dor como algo ruim, uma
vilã e que estaríamos infinitamente melhores se pudéssemos eliminar
definitivamente de nossas vidas toda dor. Mas a bem da verdade, não poderíamos
sobreviver sem a dor, sim; ela diz aos nossos olhos quando piscar, aos nossos
pulmões quando tossir, aos nossos corpos quando mudar a posição, aos nossos
dedos quando o gelo ou calor é muito intenso, como um termômetro indicando o
limite para se afastar.
No âmbito emocional, a dor é o indício de que
nossos relacionamentos estão problemáticos, não estão saudáveis; quando o nível
de estresse se acentua, quando o luto e o recolhimento é a melhor reação diante
da perda de um ente querido ou quando não conseguimos mais lidar, administrar a
circunstancia, a situação adversa que nos acomete.
Dr Brand, especialista no tratamento da
lepra, afirmava que a sensação de dor é essencial para a sobrevivência – ele percebeu
que a maioria dos enfermos pela lepra se feriam e perdiam partes do corpo porque não sentiam dor, e isto não os alertava para o perigo de se exporem e
consequentemente ferirem-se. Ele dizia ainda: "A única reclamação legítima que
se pode fazer contra a dor é que ela não pode ser desligada. Ela pode tornar-se
incontrolável, como no caso de pacientes terminais de câncer, mesmo tendo ela
dado o seu aviso prévio e não havia mais nada a ser feito para tratar a causa
daquela dor".
Porem, no campo espiritual a dor fica fora de
controle quando negligenciamos a sua causa ou quando tentamos lidar com ela da nossa própria maneira, diferente dos padrões de Deus.
Culpa, medo, ansiedade, depressão, ódio,
revolta, amargura... são formas de dor espiritual ou emocional. Todas elas são
indícios que devem ser avaliados e respeitados em sua devida importância. A atitude
do mundo parece orientar para que as emoções dolorosas devem ser abolidas,
atenuadas, administrada para que a pessoa seja considerada saudável, sadia, compatível com a
normalidade.
A culpa realmente aponta, direciona para uma consciência
sensível ao pecado; o medo ou nos leva a fugir do perigo iminente ou nos dá
forças para reagir e enfrentar o obstáculo; a ansiedade indica que a pessoa precisa
reavaliar a sua confiança, comunhão e intimidade com Deus; a depressão é um indício,
um alerta de que a vida está se tornando um fardo e que o peso precisa ser
aliviado, e que talvez seja necessário ajuda, socorro para suporta-lo; o ódio
dá margem para entender que a pessoa perdeu o foco, a perspectiva e começa a
considerar as circunstancias da vida como um ataque pessoal e perseguidor; a
amargura por sua vez significa que o ódio, a raiva está se transformando numa
atitude defensiva e hostil em direção às pessoas e às circunstancias da vida...
Estas dores, bem como seus sintomas, indicam
que há algo errado, e a necessidade de tomar atitudes e providencias que
aliviem, atenuem, erradiquem, eliminem estas dores e que levem e conduzam a
vida para um lugar de perdão, paz, entendimento, esperança, paciência, amor... Sem as dores, realmente, não saberíamos o valor dos prazeres que Deus nos
concede.
"Fira-me o justo com amor leal e me
repreenda, mas não perfume a minha cabeça o óleo do ímpio, pois a minha oração
é contra as práticas dos malfeitores" (Salmos 141.5).
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