sábado, 3 de dezembro de 2016

A espera pacífica


 Esperei com paciência no SENHOR.

                          Salmos 40.1

Esperar, conter-se é tremendamente mais complicado e difícil do que andar, avançar, prosseguir... Esperar requer paciência, e esta é uma virtude rara nos dias de hoje. Estamos prontos para o agora, para o já, para o imediato, o “ainda não” é muito sofrível para suportarmos.
É confortável e muito bom sabermos que Deus constrói cercas ao redor dos Seus, mas isto se considerarmos o muro apenas como medida preventiva de proteção. Porém, quando a cerca cresce tanto que tolhe e impede a visão do além, do que encontra-se do outro lado dos nossos limites; desperta o nosso interesse, somos atraídos pelo desconhecido, por aventurar-nos; o coração começa a fantasiar, a imaginar se algum dia será livre, liberto do pequenino círculo rotineiro de influência e serviço em que está contido, sente-se detido, limitado, quer ir além dos horizontes avistados.
A maioria das vezes, não conseguimos digerir, administrar, nem entender o porquê de não vivermos numa esfera maior, numa outra dimensão, sob outro prisma e realidade que tantos outros usufruem. Fica-nos difícil destacarmos, brilharmos confinados em nosso restrito e humilde “cantinho”, precisaríamos de um palco maior, um cenário mais adequado, com luzes e holofotes aquilatados...
Mas Deus tem um propósito em todos os Seus impedimentos e pausas, mesmo quando entendemos que o sistema divino encontra-se em “off” ele está “on” para Deus.
“O SENHOR firma os passos de um homem bom”, diz o Salmos 37.23. “E as paradas também”, era a anotação que George Müller tinha feito ao lado desse versículo, na margem de sua Bíblia pessoal. Aquele que abre ou força o caminho através da cerca divina, comete um grave engano, o triste erro de prevaricar, assumir uma postura da qual não é competente, nem suficiente, para a qual não foi preparado ou convocado a exercer.
Um princípio vital de orientação, que devemos sempre observar, é que o cristão nunca deve se afastar, se retirar do lugar onde Deus o colocou, o estabeleceu, enquanto a coluna de nuvem não se mover, não devemos nos mover também, simples assim.
Quando aprendemos o princípio básico de respeitar, esperar sempre a orientação, a ordem do SENHOR em todas as coisas; tornamos-nos fortes, teremos a força, o impulso que nos levará a um caminhar sempre centrado, equilibrado e constante, sem altos e baixos. Grande parte de nós ainda estamos sem a firmeza, o poder que tanto almejamos, mas Deus nos disponibiliza, nos concede o pleno e necessário poder para cada tarefa que Ele nos designa a realizar. Agir com cautela, paciência, obediência, saber esperar o momento ideal, manter-nos totalmente fiel à Sua orientação, são os meios e a indicação para manter um constante crescimento e amadurecimento espiritual. E qualquer atitude ou postura que sair deste padrão de obediência é mera perda de tempo e de energia, esperemos sóbrios, atentos e vigilantes pela direção de Deus.
Há circunstancias que em determinadas ocasiões nos envolvem, nos obriga a aquietar, numa inatividade forçada, onde vemos passar sobre nos as ondas e vagalhões palpitantes da vida, nos sentimos como se nossa existência estivesse destinada e confinada num eterno e agonizante fracasso... Porém, não há vitória nem heroísmo no simples fato de suportarmos a quietude, numa atitude de contida revolta e impaciência latente. Mas sim em uma atitude de espera tranquila e equilibrada. E isto é bem mais difícil do que realizar, agir, correr a todo vapor como nos dias em que podemos e estamos ativos. Requer maior grandeza, maior heroísmo ficar ali estagnado, sem desanimar, nem desesperançar; submeter-se à vontade Divina, deixar aos outros o trabalho, as honras, reconhecimentos e méritos que poderiam ser dele; manter-se calmo, tranquilo, em paz e confiante, regozijando-se sempre, enquanto a multidão de caminhantes o ignoram, nem o percebem; seguem felizes e atarefadas pois movem o mundo, fazem acontecer, avançam, passam e vão embora... E como confinado em um observatório simplesmente alheio a tudo, assiste a vida acontecer, e esta é sem dúvida alguma, a forma, a versão mais elevada e altruísta. “Tendo feito tudo, manter-se firme”; “porque tudo tem um propósito debaixo do sol”. 

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