quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Em meio às tempestades


Ele conhece o caminho por onde ando; se me puser à prova, aparecerei como o ouro.

                                        Jó 23.10

“A fé se fortalece em meio às tempestades” – e só mesmo quem atravessou grandes tormentas e sobreviveu à fúria bravia das imensas tempestades, conhece o profundo significado desta afirmativa.
Fé, convicção dada por Deus, quando exercitada, conduz-nos a discernir o invisível com clareza, e através dela, as coisas impossíveis se tornam possíveis, diante de nós... Ela trata com o sobrenatural.
Mas ela cresce e se fortalece em meio às adversidades, tormentas, lutas e tempestades, ou seja; onde há perturbações, na conturbada atmosfera espiritual. As tempestades são consequências dos conflitos entre os elementos, os embates no mundo espiritual são conflitos travados com elementos hostis.
É exatamente nesta atmosfera, nesse ambiente que a fé encontra o seu solo mais fértil, seu adubo ideal e primoroso fertilizante para trazê-la o viço; em tal meio ela atinge rapidamente seu pleno amadurecimento e se robustece.
As árvores de madeira mais fortes não são encontradas sob o abrigo cálido e gentil das florestas, são as cultivadas em campo aberto, onde o calor causticante as castigam e os ventos de todos os lados fustigam, açoitam, curvam, torcem, até atingirem seu estágio adulto; e tornarem-se madeira de lei, preciosa, valiosa, rara, a mais procurada para construções e fabrico de carrocerias, instrumentos pesados.
Então, quando nos depararmos com um gigante espiritual, estejamos cientes de que a trajetória que devemos palmilhar para estarmos lado a lado, ombro a ombro com ele, nunca será uma alameda florida, de brisa suave, ensolarada, refletindo o orvalho a cada manhã; mas sim, teremos uma escalada num trilho íngreme, escorregadio, estreito, pedregoso, com precipícios, onde as rajadas do inferno quase nos derrubarão, onde pedras pontiagudas dilacerarão e rasgarão nossa carne, onde os espinhos nos ferem a fronte, onde répteis venenosos e peçonhentos nos atacam de todos os lados, sem que possamos ao menos ter chance de nos recuperarmos ou darmos a devida atenção a nos mesmos, sem tempo para tomarmos um fôlego ou nos recompormos entre um assalto e outro, pois a sequencia de golpes são tão rápidos e certeiros que se baixarmos a guarda para respirarmos, é o suficiente para beijarmos a lona e fatalmente termos que estender a toalha e nos render, vencidos.
É uma trajetória de dor e bálsamo, de sofrimento e alegria, de lágrimas e sorrisos, de provas e vitórias, de conflitos e triunfos, de lutas, dificuldades, perigos, afrontas, perseguições, traições, mal-entendidos, insucessos, derrotas, tribulações e angústias – ao longo dos quais nos tornamos “mais do que vencedores por Aquele que nos amou”.
É exatamente no meio da tempestade, onde a fúria é maior, onde bate o desespero de nossa própria vida, e tudo o mais perde o sentido; é ali que somos tentados a retrair-nos, negar nossa fé, acovardarmos ante a provação de uma tempestade de sofrimento, onde o suor transforma-se em sangue porque a agonia torna-se insuportável, e o peso nos sufoca e quer nos sucumbir... mas avante, avancemos, quando tombarmos ante o peso, o nosso Cirilo virá compartilhar...
Deus está logo ali a frente, na reta da chegada para encontrar-se conosco e nos saudar, para revelar Seus segredos guardados para compartilhar com os que não desistem, sairemos desse encontro com o rosto brilhante e uma fé inabalável, que nem mesmo todos os demônios ou toda a estrutura do inferno poderão afrontá-la.

"Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8.38,39).

Nenhum comentário:

Postar um comentário