sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Em Sua dependência


Na angústia me deste largueza.

                 Salmos 4.1

Sem dúvida alguma, essa é uma profunda constatação feita por alguém, sobre o governo moral divino – não se trata de uma palavra de gratidão a Deus por ser poupado da angústia, do sofrimento – pelo contrário, trata-se do reconhecimento e gratidão por ser liberto através do sofrimento – pois afirma: "‘Na’ angústia me deste largueza". Sugere então, que o sofrimento, a tristeza tornara-se em fonte de espaço, alargamento, uma nova perspectiva na vida.
Todos nós, de algum modo, tomamos conhecimento e experimentamos dessa verdade. José, por exemplo, na prisão teve angústia que se compara ao ferro dilacerando a própria alma – entendemos no entanto, que foi exatamente o período de amadurecimento que lhe era indispensável para aquilo que o aguardava posteriormente. Se ele fosse poupado do sofrimento e da prisão, não estaria preparado para tornar-se governador do Egito – a cadeia de ferro que aprisionou e dilacerou seus pés, foi exatamente a preparação para a cadeia de ouro que envolvera o seu pescoço, ao tornar-se governador – a prisão para José foi a pavimentação da sua escalada até o trono.
Muitas vezes murmuramos, reclamamos, nos entristecemos diante das circunstancias adversas que atravessamos; mas, se queremos uma maior compreensão, amor, maior compaixão, discernimento, capacitação em compartilhar a dor alheia, sentir e dividir auxiliando aos menos afortunados, perdidos que cruzam nosso caminho; - precisamos antes de experimentar essa largueza, sermos estreitados, experimentados na dor e no sofrimento humano – não seremos capazes de conduzir ou transportar o pesado fardo de ferro que comprime o dorso do nosso próximo, se nunca tivemos o próprio coração transpassado pelo mesmo ferro.
Tudo o que entendemos como fator limitante em nossas vidas, são na verdade oportunidades para alargar as perspectivas diante de nos – não podemos murmurar dos pesados grilhões que nos acorrentam, pois na verdade eles são asas que nos conduzirão para o âmago, o coração ferido da humanidade. 
Como entenderemos a dor que dilacera o próximo, sem que primeiro a tenhamos vivenciado?

"Não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado" (Hebreus 4.15).

Nenhum comentário:

Postar um comentário