segunda-feira, 23 de maio de 2016

Antigas Lutas


Ele dá fim às guerras até os confins da terra; quebra o arco e despedaça a lança, destrói os escudos com fogo.

                                   Salmos 46.9

Os familiares de Golias eram inimigos antigos dos israelitas. Há trezentos anos Josué havia expulsado os inimigos da terra prometida; destruiu a todos, menos os que moravam nas cidades de Gaza, Gate e Asdode. Gate gerava gigantes assim como o lodo brota nos manguezais. Golias era filho dessa terra, seus antepassados já eram temidos pelos hebreus.
Os soldados de Saul viam Golias e murmuravam: "De novo, não!!! Meu avô lutou contra o avô dele, meu pai lutou contra o pai dele. Esse é sem dúvidas, o nosso pior pesadelo".
Em nossas vidas nos deparamos muitas vezes, com cenas semelhantes, são os nossos Bullyings: "Estou ficando escravo do trabalho como meu pai"; "O divórcio acontece em nossa família como uma herança maldita"; "Essa doença nos acompanha por gerações"; "Minha mãe também não consegue se fixar em nenhum trabalho"; "Será que isso nunca vai parar, sempre há de se repetir a mesma história"?
Mas contrariando o círculo vicioso, Davi entra em cena falando sobre Deus. Os soldados nada mencionaram sobre Ele, os seus irmãos não fizeram menção ao Seu Nome, mas para a estranheza de todos, Davi não fala sobre outra coisa senão em Deus.
Um novo panorama se descortina na história, não apenas "Davi versus Golias", esse enredo torna-se "Deus versus o gigante".
Davi vislumbra o que os outros não veem e se recusa a ver o que os outros veem. Todos os olhos, exceto os de Davi, fixam-se no brutal grandalhão, no ogro que humilha e massacra os inimigos, que destila ódio, que urra ameaças, esbraveja, assusta, aterroriza, destrói e derrota seus oponentes. Todos os jornais, noticiários, boletins informativos, menos os de Davi, descrevem, dia após dia, as façanhas, vitórias conquistadas por aquele homem pré-histórico. Todos sabem de seus insultos e ameaças, de suas façanhas e exigências, de seu tamanho, arrogância e de seu andar altivo. Todos eram especializados em admirar, temer e tremer diante do grande e fantástico Golias.
Davi, porém, é especialista em Deus. Como podemos imaginar, ele vê o gigante; mas vê a Deus com maior nitidez. Observemos seu grito de guerra: "Você vem contra mim com espada, lança e dardos, mas eu vou contra você em nome do SENHOR dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel" (1 Samuel 17.45).
Davi conhece a Deus, sabe que Ele poderia fazer bolinhas do inimigo como fez com o granizo para Moisés, fazer muralhas ruírem como fez para Josué, trovejar com estrondo como fez para Samuel. Davi confia plenamente em Deus, já havia contado com Ele ao enfrentar o urso e o leão. E por causa disso "saiu correndo em direção ao exército para enfrentar o filisteu" (1 Samuel 17.48).
Os irmãos de Davi desviam o olhar, com medo e vergonha. Saul suspira resignado enquanto o jovem hebreu corre para a certeira morte. Golias joga a cabeça para trás numa gargalhada de completo desdém, o suficiente para mover seu elmo de lugar e expor um pedaço da testa. Davi percebe o alvo e usa o oportuno momento. O som da funda esticando é a única coisa que se ouve no vale. E zás... Sibila a pedra em seu curso cortando o ar e crava-se na testa do gigante; os olhos de Golias se vesga, seu riso zombeteiro cessa, seus joelhos vacilam com seu peso e suas pernas se vergam e se dobram. Ele tomba e cai pesadamente ao chão e morre. Davi corre e desembainha a espada de Golias, fere o filisteu e corta-lhe a cabeça.
Quando meditamos na sabedoria, intrepidez e oportunismo de Davi ao derrotar o seu gigante. Paira no ar pergunta:
Quando foi a última vez em que fizemos a mesma coisa? Quanto tempo faz desde o dia em que enfrentamos de frente o que nos desafia? Sim, porque temos a tendência de recuar, de nos esgueirarmos debaixo da mesa do trabalho ou de nos arrastarmos para uma balada qualquer em busca de distração, ou para uma cama à procura de um amor proibido, ou um bom porre de álcool, algo que nos faça esquecer, ou que nos compense momentaneamente. Por um instante, um dia, um mês ou um ano, sentimo-nos seguros, isolados, escondidos, anestesiados; mas o trabalho acaba, a bebida evapora e desaparece, e a amante nos deixa e se vai junto com a grana — e ouvimos o Golias se levantar de novo: urrando estrondoso, bombástico, humilhante. E cadê o Davi para enfrentá-lo por nós? Cadê o Davi para escondermos atrás dele, como fizeram seus irmãos, os soldados e o próprio Saul?
Quanto tempo faz desde que pegamos o estilingue e enfrentamos nosso gigante?
Se já faz muito tempo, então Davi é o exemplo que temos a seguir. Deus o chamou de "homem segundo o meu coração" (Atos 13.22). Ele não deu esse título a nenhum outro.
Então dessa vez, experimentemos uma tática diferente, a mesma que ousou Davi usar: Façamos nosso gigante correr ao se deparar com uma alma cheia da Presença de Deus.
Façamos Deus aumentar e nosso Golias diminuir até desaparecer por completo. Recebamos do próprio céu uma solução irrevogável para essa situação aflitiva: Gigante do divórcio, você não vai entrar na minha casa! Gigante da depressão? Você não me vencerá jamais. Gigante do álcool, do fanatismo, do abuso infantil, da insegurança, da enfermidade, do desemprego, da injustiça... Você vai cair por terra. Partamos para cima do nosso Golias em o Nome do SENHOR dos Exércitos, e certamente ele tombará diante de nós!

"Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar, embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela sua fúria. Parem de lutar! Saibam que eu sou Deus! Serei exaltado entre as nações, serei exaltado na terra. O Senhor dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é a nossa torre segura" (Salmos 46.1-3,10,11).

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