Recebi tudo, e o que tenho é mais que
suficiente.
Filipenses 4.18
Há espécie de plantas e flores que se
desenvolvem na sombra, não temem a ausência de luz solar e os lugares inóspitos
e sombrios do jardim.
No mundo espiritual há similares também,
geralmente se manifestam quando as circunstancias são instáveis e se fortalecem
em situações difíceis e insustentáveis... Não há outra maneira de compreendermos
e explicarmos alguns episódios e experiências vividas pelo apóstolo Paulo.
Na prisão de Roma, tudo sugere que sua
missão suprema estava acabada definitivamente, mas é justamente neste
ambiente hostil, que as belas flores começam a desabrochar e revelar seu
glorioso esplendor. Certamente ele devia tê-las contemplado antes, crescendo as
margens da estrada aberta por onde passava, mas nunca com o viço e a exuberância
que se apresentavam agora. As promessas da Palavra revelavam seus tesouros de
forma nunca antes observada.
"O homem bom tira coisas boas do bom
tesouro que está em seu coração", (Lucas 6.45).
Dentre esses ricos e preciosos tesouros, há
dádivas maravilhosas, como a graça, o amor, o enlevo, a paz, o aroma suave da
doce Presença do Amado Cristo; e parecia que elas necessitavam ser abafadas,
cercadas pela sombra e pela dor, para poderem revelar e exteriorizar seus
profundos e secretos segredos, na intensidade de sua gloria interior. Por
razões alheias a nós, essa adversa atmosfera de sombra e escuridão tornou-se o propício
ambiente de grandes revelações; o legado que hoje temos deve-se muito a esses terríveis
anos de reclusão.
Lentamente, a introspecção, a dor da solidão começou agir em
Paulo, e como nunca antes, ele percebeu toda a extensão e profundidade da
riqueza de conteúdo de sua herança espiritual; entrega-se de corpo e alma,
rende-se ao Espírito Santo, como instrumento usado para que hoje sejamos também
iluminados, em contrapartida aos anos de escuridão que ele sofreu.
Quem ainda não teve contato com pessoas
que, diante de situações adversas, revestem-se de garra, coragem, força e
esperança como de um manto? Elas podem enfrentar as piores circunstancias, podem
até ser aprisionadas, colocadas em cativeiro como José, mas levam consigo o seu
tesouro, ninguém consegue separá-las dele; ainda que as coloquem num deserto,
não adianta, pois:
"O deserto e a terra ressequida se
regozijarão; o ermo exultará e florescerá como a tulipa;... Águas irromperão no
ermo e riachos no deserto. A areia abrasadora se tornará um lago; a terra seca,
fontes borbulhantes" (Isaías 35.1,6,7).
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