sábado, 16 de janeiro de 2016

Crepúsculo


 Recebi tudo, e o que tenho é mais que suficiente.

                      Filipenses 4.18

Há espécie de plantas e flores que se desenvolvem na sombra, não temem a ausência de luz solar e os lugares inóspitos e sombrios do jardim.
No mundo espiritual há similares também, geralmente se manifestam quando as circunstancias são instáveis e se fortalecem em situações difíceis e insustentáveis... Não há outra maneira de compreendermos e explicarmos alguns episódios e experiências vividas pelo apóstolo Paulo.
Na prisão de Roma, tudo sugere que sua missão suprema estava acabada definitivamente, mas é justamente neste ambiente hostil, que as belas flores começam a desabrochar e revelar seu glorioso esplendor. Certamente ele devia tê-las contemplado antes, crescendo as margens da estrada aberta por onde passava, mas nunca com o viço e a exuberância que se apresentavam agora. As promessas da Palavra revelavam seus tesouros de forma nunca antes observada.
"O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração", (Lucas 6.45).
Dentre esses ricos e preciosos tesouros, há dádivas maravilhosas, como a graça, o amor, o enlevo, a paz, o aroma suave da doce Presença do Amado Cristo; e parecia que elas necessitavam ser abafadas, cercadas pela sombra e pela dor, para poderem revelar e exteriorizar seus profundos e secretos segredos, na intensidade de sua gloria interior. Por razões alheias a nós, essa adversa atmosfera de sombra e escuridão tornou-se o propício ambiente de grandes revelações; o legado que hoje temos deve-se muito a esses terríveis anos de reclusão. 
Lentamente, a introspecção, a dor da solidão começou agir em Paulo, e como nunca antes, ele percebeu toda a extensão e profundidade da riqueza de conteúdo de sua herança espiritual; entrega-se de corpo e alma, rende-se ao Espírito Santo, como instrumento usado para que hoje sejamos também iluminados, em contrapartida aos anos de escuridão que ele sofreu.
Quem ainda não teve contato com pessoas que, diante de situações adversas, revestem-se de garra, coragem, força e esperança como de um manto? Elas podem enfrentar as piores circunstancias, podem até ser aprisionadas, colocadas em cativeiro como José, mas levam consigo o seu tesouro, ninguém consegue separá-las dele; ainda que as coloquem num deserto, não adianta, pois:

"O deserto e a terra ressequida se regozijarão; o ermo exultará e florescerá como a tulipa;... Águas irromperão no ermo e riachos no deserto. A areia abrasadora se tornará um lago; a terra seca, fontes borbulhantes" (Isaías 35.1,6,7).

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