Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
Mateus 7. 1,2
A Inquisição era o julgamento das pessoas consideradas infiéis. Esse tribunal objetivava julgar e condenar aqueles considerados culpados por crimes como heresia, bruxaria, sodomia e tantas outras práticas tidas por imorais e perigosas pela Igreja. Como se não bastasse condenar religiosos e leigos por suas atitudes pecaminosas, a Igreja separava um momento especial ao fim do julgamento para que o povo pudesse acompanhar o cumprimento das penas, que podiam ir de punições seculares à morte na fogueira.
Os autos-de-fé tinham caráter exemplar, para que os "fiéis" pudessem ver claramente o destino dos pecadores não arrependidos. Muitos ali compartilhavam da sensação de prazer ao ver o mal "sendo combatido", o sentimento de "bem-feito" tomava o coração de muitos que certamente tinham uma vida passível de receber a mesma punição, mas que por algum motivo não tinham sido descobertos ou denunciados. Sim, porque uma das etapas da Inquisição constituía-se com a Denúncia, quando pessoas comuns podiam chegar até os inquisidores que iriam atuar no Tribunal, e denunciar seus companheiros e inimigos, como lhes aprouvessem.
Se bem pensarmos, vivemos em nossos dias uma velada hipocrisia travestida de inquisição, onde muitos dos que se intitulam cristãos, assistem diariamente o outro ser apontado e condenado por seus pecados, agindo quase que na surdina, com uma espécie de prazer repulsivo, sentindo-se feliz por saber que finalmente o outro foi descoberto, enquanto que seus próprios erros e pecados são por eles mesmos escondidos ou ignorados.
Em seu pensar, enquanto se aponta o dedo para o outro, a sua própria vida sai do foco; mas, a Palavra de Deus nos diz que não devemos julgar aos outros, e sim nos colocar no lugar deles e tentar sentir o mesmo que sentiram.
"Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós" (Mateus 7.1,2).
Não é porque não cometemos certo erro que não sejamos capazes de um dia cometê-lo. Nos horrorizamos com certas condutas e atitudes, mas não temos a percepção de que todos somos humanos e passíveis de erro. E mesmo que não caiamos no mesmo erro daquele nosso irmão, possivelmente os nossos pecados, aos olhos de Deus, serão igualmente terríveis, e talvez com consequências bem mais severas. Todos necessitamos da misericordiosa graça divina tanto quanto aquele que tão ferozmente julgamos, culpamos e condenamos.
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3.23).
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