Ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua
vara e o teu cajado me consolam.
Salmos 23.4
Após a notícia da morte de
Saul e Jônatas, Davi e seus homens choraram e lamentaram externando seu
profundo sentimento por eles cantou seu público lamento:
"O seu esplendor, ó
Israel, está morto sobre os seus montes. Como caíram os guerreiros!
Ó colinas de Gilboa, nunca
mais haja orvalho nem chuva sobre vocês, nem campos que produzam trigo para as
ofertas. Porque ali foi profanado o escudo dos guerreiros, o escudo de Saul,
que nunca mais será polido com óleo.
Do sangue dos mortos, da
carne dos guerreiros, o arco de Jônatas nunca recuou, a espada de Saul sempre
cumpriu a sua tarefa. Saul e Jônatas, mui amados, nem na vida nem na morte
foram separados. Eram mais ágeis que as águias, mais fortes que os leões..." (2
Samuel 1.19,21-23).
Dentro dos planos divinos
toda vida por Ele criada tem o seu devido curso e extensão, embora isto pareça
incompreensível e de difícil aceitação para nós; desejamos sempre uma
existência mais longa para nós e aos nossos queridos – esquecemos que nossa
vida é uma concessão de Deus.
Enquanto lamentamos
pesarosos ao redor dos túmulos, há cantos, louvores, regozijos indizíveis e
admiráveis no céu; enquanto questionamos inconsoláveis a Deus, os que já
partiram maravilhados O louvam e O adoram.
"Preciosa é à vista
do SENHOR a morte dos seus santos"
(Salmos 116.15).
Daí bate em nós aquela
incerteza: - quem nos garante que todos os nossos que daqui partiram, foram
salvos? E aqueles que nunca abriram a Palavra ou mesmo o coração a Deus?
Mas, quem dentre nós
consegue avaliar o que ocorre nos momentos finais de cada um – a dor, o
sofrimento e a possibilidade de encarar a eternidade, podem dobrar os joelhos e
os corações mais soberbos, orgulhos e arrogantes que há... Quando esbarramos em
nossos limites, nosso superego facilmente lança a toalha.
Haveria frieza em nós o
suficiente para avistar a garganta escancarada da morte, sem balbuciar um
sussurro por misericórdia? E poderia o nosso Criador que é rico em graça e
misericórdia, e inclinado ao humilde, por acaso resisti-Lo?
Lá no Calvário, a
confissão do ladrão arrependido certamente foi a única que ele efetuou em toda
a sua existência; porém não passou desapercebida, Jesus a ouviu e de pronto a
atendeu.
Embora desconheçamos os
pensamentos finais de uma alma que parte, sabemos, no entanto:
"Ele é paciente com
vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao
arrependimento" (2 Pedro 3.9).
Podemos então nos
tranquilizar porque certamente Deus quer todos os nossos no céu, mais do que
nós mesmos – Cientes de que a vontade e o querer Dele geralmente prevalecem,
descansemos. Daí podemos extrair forças para encarar e enfrentar nossas
tristezas, perdas e frustrações – fuga, negação e recusa não são ferramentas do
cardápio da terapia divina para nossas adversidades, lutas e aflições.
Assim como Davi e todo seu
exército enfrentou sua dor ao saber da morte de Saul – rasgaram suas vestes,
choraram em alta voz e jejuaram até o por do sol. A morte não pode ser
atenuada, amenizada ou passada por alto, despercebida – temos que enfrenta-la,
lutar com ela, questiona-la, chora-la e lamenta-la fazem parte, mas não podemos
e não há como ignora-la. Afinal, Deus nos guiará através, e não ao redor, do vale
da sombra da morte. E convenhamos, é bem mais ameno sabermos que ela é para nós
apenas uma "sombra". Clamemos e confiemos em Deus para capacitar-nos
a encarar e enfrentar nossas tristezas, frustrações, perdas e dissabores com a
paz interior que só Ele pode nos dar.
"Eis que estou
convosco todos os dias, até o fim dos tempos" (Mateus 28.20).
Nenhum comentário:
Postar um comentário