sábado, 15 de julho de 2017

Intrépidos


Depois da morte de Moisés, servo do Senhor, disse o Senhor a Josué, filho de Num, auxiliar de Moisés:
"Meu servo Moisés está morto. Agora, pois, você e todo este povo, preparem-se para atravessar o rio Jordão e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas".

                                      Josué 1.1-2

A tristeza invade o nosso lar sem pedir licença, deixa ali o seu rastro de dor e vazio que não pode ser preenchido. Nosso primeiro impulso agora é baixar a guarda, voltar a trás, jogar a toalha em rendição, dar-se por vencido e derrotado, desistir de tudo e sentar em desespero entre os destroços da desesperança. Mas nem podemos nos dar ao luxo ou atrevermos a isso – estamos em pleno campo de batalha, a crise está às portas ameaçadora e o nosso descanso não é aqui em solo inimigo, não podemos baixar a guarda...
Fraquejar um momento, vacilar, pestanejar é expor-se ao inimigo, por em perigo algum interesse, estratégia ou projeto santo. Outras vidas dependem de nós e seriam prejudicadas, danificadas, arruinadas por nossa fraqueza e fragilidade; gritar ou dar vazão ao desespero não iria atenuar a dor nem minimiza-la - toda uma estrutura e planejamento santo seria prejudicado se cruzássemos os braços, se parássemos para acariciar, acalentar ou mesmo para sofrer um pouco a nossa própria dor – não há tempo para isto...
Um general relatou a experiência dramática vivida por ele no tempo da guerra. Seu filho era tenente de bateria. Estavam em meio a um assalto – o pai comandava sua divisão num ataque; enquanto avançava no campo de batalha, seus olhos de repente caíram sobre um tenente morto, bem à sua frente. De um relance percebeu claramente que era seu filho. O impulso do coração de pai era parar junto ao morto querido e dar vazão à dor que dilacerava a alma, mas o dever do momento não lhe permitira, ordenava que ele prosseguisse no ataque, ou outros garotos teriam o mesmo trágico fim; assim, roubando às pressas um beijo de adeus, aos lábios mortos, avançou rápido, liderando seu grupo no assalto e cumprindo sua missão.
Dar vazão ao choro inconsolável, lastimar, lamuriar, reclamar à beira de um túmulo não poderá restituir-nos os que amamos, nem tampouco benção alguma resultará dessa tristeza. A dor faz cicatrizes profundas, grava seus registros indelevelmente na memória dos que a sofrem. A bem da verdade, nunca nos recuperamos inteiramente das grandes dores sofridas, não somos mais os mesmos depois de sobrevivermos a elas. Entretanto, por maior que seja a dor sofrida, quando devidamente aceita, administrada e suportada com ânimo, há uma influência humanizadora e fertilizadora, ela nos deixa um saldo positivo, credor por assim dizer – nos tornamos mais dóceis, humildes, compreensivos, tolerantes, condescendentes com a dor alheia.
Aliás, são pobres os que nunca sofreram e nem trazem marca alguma de sofrimento. 
As benesses que nos estão propostas deveriam refletir e brilhar sobre as nossas dores, nos dariam ânimo e encorajamento, assim como o sol brilha através das nuvens, acentuando-lhes a silhueta, dando-lhes beleza e glória. Mas Deus estabeleceu as circunstancias de tal maneira que, prosseguindo no dever, encontraremos a mais rica e verdadeira consolação, a paz de espírito e o refrigério para a alma atribulada. Enquanto que se nos sentamos para acalentar as nossas feridas, dores e decepções; a escuridão cresce, se avoluma a nossa volta, penetra, contamina e contagia o nosso coração, e nossa força se retrai, muda-se em fraqueza, nos tornamos débeis e frágeis. Mas se voltarmos as costas à sombra ameaçadora e retomarmos as tarefas e deveres a que Deus nos atribui e nos chama, a luz novamente brilhará e nos fortaleceremos revigorados. (J. R. Miller).
"Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus"
(Salmos 42.5,6).

"Descanse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança. Somente ele é a rocha que me salva; ele é a minha torre alta! Não serei abalado"! (Salmos 62.5,6).

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