quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Tudo há seu tempo


Como um feixe recolhido no devido tempo.

                        Jó 5.26

Um entendido sobre aproveitamento de madeiras das antigas embarcações, afirmou que não é apenas a idade que melhora as fibras de um velho navio cargueiro, mas o desgaste das pressões e embates que a embarcação sofre pelas ondas do oceano, a salinidade e a ação química da água, a exposição ao sol, os residos das muitas espécies de carga que se acumulam no seu fundo, tudo contribuem para seu aspecto e aparência final.
Em uma ocasião, algumas pranchas e compensados feitos de antiga viga de carvalho, retirada de um navio de oitenta anos, foram exibidas como relíquia numa boa casa de móveis na Broadway, em Nova York, e atraíram a atenção geral por seu belo e raro colorido e perfeição de textura.
E não menos notáveis foram algumas vigas de mogno extraídas de uma embarcação que singrou os mares por longos sessenta anos – o tempo, o tráfego, o desgaste lhes contraíram os poros e fixaram e aprofundaram suas cores e tons de tal modo, que eram tão magníficas em sua intensidade cromática que se comparariam às porcelanas chinesas da antiguidade. Destaque de raríssima e singular beleza. Com elas fez-se um armário que figurava em lugar estratégico na sala de visitas de uma família rica, em Nova York, demonstrando requinte e esmerado bom gosto.
E fazendo um paralelismo com nossa humanidade, observamos que há uma diferença vertiginosa entre as pessoas idosas que tiveram uma vida conservadora, indolente, preservada e comedida, que foram inúteis, cheias de autopiedade, super protetoras e indulgentes consigo mesmas; e aquelas que navegaram por todas as marés e maremotos que a vida ofereceu, conduziram e removeram todo o tipo de carga como servos, mordomos e despenseiros do SENHOR e cooperadores e ajudadores do seu próximo e de seus semelhantes de maneira geral.
Assim como o aroma das flores permanece nas mãos do ofertante, algum resido da doçura das cargas transportadas penetra e deixa marcas indeléveis na fibra do caráter dessas pessoas, através dos embates e das pressões sofridos singrando os mares da vida.
Mesmo após o sol despedir-se no horizonte, seu brilho ainda permanece como resido a clarear por longos momentos – grande parte das estrelas que figuram brilhantes nas noites escuras, já se extinguiu, mas seu brilho ainda permanece. Mesmo após nossa partida, o legado, a herança que deixarmos, permanecerá – quando desaparece um bom homem, o universo ainda irradia sua luz, mesmo estando morto, ainda fala; assim como Eliseu.
"Assim que o cadáver encostou-se aos ossos de Eliseu, o homem voltou à vida e se levantou" (2 Reis 13.21).

"Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são"! (Mateus 6.22,23).

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