quarta-feira, 27 de julho de 2016

Dimensão do amor e tolerância ao próximo


Em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam;

                                  Mateus 7.12

A passagem sobre o Ribeiro de Besor merece um lugar de destaque entre os livros de cabeceira dos esgotados. Sim, porque ela é bálsamo e refrigério ao coração cansado.
A história inicia-se lá em Ziclague, Davi e seus seiscentos soldados voltam do combate contra os filisteus e encontram um verdadeiro caos. Invasores amalequitas entraram na aldeia, saquearam-na e levaram as mulheres e crianças como reféns. A dor, frustração e revolta dos homens se convertem em ira, não contra os amalequitas, mas contra Davi. Pois foi ele quem os levou para a batalha, deixou as mulheres e crianças vulneráveis, expostas e desprotegidas. Então ele é culpado e precisa morrer. Assim, eles começam a juntar pedras para apedreja-lo.
Se Davi já não estivesse familiarizado com este tipo de situação e tratamento, talvez esse pudesse ser seu pior momento: mas... Ignorado pelo próprio pai, menosprezado pelos irmãos, Saul o queira morto, e agora seu próprio exército... Simplesmente rejeitado por todo círculo social expressivo em sua vida.
Mas parece que o caos e os desafios, o motivam, estimulam e o transforma em um dos melhores. Sim, porque enquanto os homens nutrem sua ira, Davi busca seu Deus.
"Davi, porém, fortaleceu-se no SENHOR, no seu Deus" (1 Samuel 30.6).
É fundamental que aprendamos a fazer o mesmo, porque amigos nem sempre estão disponíveis, e muitas vezes nossos valores se divergem; os sistemas de apoio nem sempre apoiam, pastores são humanos e falhos como todos nós, suscetíveis a desviarem-se do essencial. Então quando faltar a ajuda necessária, apoio, socorro, saída; temos de fazer como Davi, voltarmos para Deus. Ele é o nosso socorro bem presente em nossas tribulações!
"Devo perseguir esse bando de invasores? Irei alcançá-los? Persiga-os; é certo que você os alcançará e conseguirá libertar os prisioneiros" (1 Samuel 30.8).
Então Davi redireciona a raiva de seus homens para o inimigo, eles começam a perseguir os amalequitas. É bem verdade que estão exaustos e que ainda trazem a poeira da estrada depois da longa batalha travada, e não assimilaram totalmente a revolta e a raiva que sentem de Davi. E ainda tem como agravante o completo desconhecimento do esconderijo dos amalequitas, certamente se não fosse por amor aos seus entes queridos, talvez desistissem da dura empreitada.
Na verdade, duzentos deles desistem. Ao chegarem a um ribeiro chamado Besor, eles descem dos cavalos e entram no riacho e se banham e se refrescam, retiram a poeira do corpo, e se esticam na grama, então o cansaço cobra o seu tributo. Ouvindo a ordem para seguir em frente, duzentos deles preferem descansar.
Qual é o limite de cansaço que leva uma pessoa a abandonar e desistir do resgate de sua própria família?
Toda igreja tem um grupo de tais pessoas, são excelentes, prestativas, assíduas, tementes a Deus, como todos nós. Algumas há apenas horas outras já há anos, elas marchavam com muita disciplina e determinação. Mas depois de algum tempo sem a devida resposta, bate a frustração, a fadiga as consome, elas se tornam debilitadas e exaustas. Tão esgotadas, indispostas e cansadas que não conseguem reunir forças para salvar nem mesmo os do próprio sangue. Os anos passaram, a idade avançada roubou-lhes o ar e o pique, a disposição. Ou talvez tenha sido uma série sequencial de derrotas de tirar o fôlego e qualquer disposição para prosseguir. A viuvez, a depressão, o vício, o abandono e o divórcio podem tranquilamente nos conduzir ao ribeiro. Não importa qual seja a razão, há na igreja sempre pessoas que se encontram em seus limites, que simplesmente se sentam e descansam, incapazes a qualquer tipo de reação.
E cabe então a igreja decidir: O que fazemos com as pessoas que se encontram no Ribeiro de Besor? Devemos simplesmente ignorá-las, fingir que não existem e que não as vemos, humilhá-las, repreendê-las, forçá-las a caminhar?  Devemos dar-lhes um descanso, estipular um tempo e contar os minutos decorridos? Ou mais uma vez aprendermos e fazermos o que Davi fez? Ele simplesmente permitiu que ficassem. Afinal de contas, hoje são eles e amanhã poderemos ser nós, na mesma situação. Como gostaríamos que nos tratassem?!
"Levem os fardos pesados uns dos outros. E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé" (Gálatas 6.2,9,10).
"Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças", (Eclesiastes 9.10).

"Vocês devem ser fortes e não se desanimar, pois o trabalho de vocês será recompensado" (2 Crônicas 15.7).

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