Considero que os nossos sofrimentos atuais
não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. A natureza
criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados.
Romanos 8.18,19
Conta-se de um curioso fato ocorrido numa
cerimônia nupcial na antiga Inglaterra. Um nobre, rico e excêntrico rapaz de
conceituada família e de elevadíssima e destacada posição social, aos dez anos
de idade havia perdido a visão num grave e trágico acidente. A despeito da
cegueira, até então irreversível para a medicina, concluiu o curso superior, e
estava noivo de uma jovem de rara, notável e singular beleza.
Com a evolução da medicina, dias antes do
esperado casamento, ele se submeteu a uma bateria de exames, tratamentos específicos
e por fim a cirurgia final nas mãos de renomados especialistas; o clímax final
foi reservado para o grande dia da cerimônia nupcial.
Havia chegado a hora, todos estavam muito
ansiosos, amigos, parentes e convidados. Entre estes, ministros de estado,
generais, representantes de toda esfera do governo, médicos, sacerdotes, bispos
e jornalistas todos queriam presenciar o desfeche de sua história.
O noivo, em suas vestes nupciais, de
requintado e esmerado bom gosto, com os olhos ainda envoltos pelas ataduras,
entrou na igreja com o pai, e juntos caminharam até a sala paroquial, onde os médicos
os aguardavam para afinal remover as vendas dos olhos e concluir se foram bem
sucedidos na intervenção cirúrgica.
A noiva chegou, trajava vestes tão lindas e
delicadas que a sua visão sugeria aspectos angelicais, foi entrando conduzida
pelo pai; grande era a emoção geral.
Será que finalmente aquele a quem ela tanto
amava iria ver o seu rosto, que tantos admiravam, mas que ele só conhecia em
tocar?
Ao aproximar-se do altar, ao som dos últimos
acordes da marcha nupcial, seus olhos ansiosos e aflitos pousam no grupo da
equipe médica.
Ali estavam todos, o médico acabara de
remover dos olhos dele a última atadura. O noivo dá um passo vacilante à frente,
com a visível insegurança e dramática incerteza de quem não consegue acreditar
que está acordado. Um facho de luz róseo vindo de um vitral ilumina seu rosto,
mas isso não ofusca o seu olhar nem chama a sua atenção.
Recobrando num instante sua firmeza de
expressão, e com uma dignidade e êxtase jamais presenciados em seu rosto, adiantou-se
ao encontro da amada noiva. Olharam-se ambos demoradamente, e de forma
desconcertada dir-se-ia que os olhos dele jamais deixariam o angelical rosto da
moça.
“Até que enfim”! Murmurou ela. “Até que
enfim”! Exclamou ele, solenemente, inclinando-se em direção aos demais
presentes.
Foi uma cena inesquecível, de grande
impacto e sem dúvida alguma de indizível alegria a todos os convidados. E a nós
cristãos que vivemos neste mundo de lutas, dores, provas, trevas e sofrimentos, nos
sugere quando estivermos frente a frente, face a face com o Noivo Amado.
"Antes eu te conhecia só por ouvir
falar, mas agora eu te vejo com os meus próprios olhos" (Jó 42.5).
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