Então terá
misericórdia dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei
resgate.
Jó 33.24
Se observarmos
veremos que a verdadeira amizade pode ser medida tanto por palavras quanto pelo
silêncio, aliás, há momentos em que o silêncio é melhor que mil palavras.
Um verdadeiro amigo
sabe o momento certo de falar e de calar. Os amigos de Jó, por exemplo,
mostraram genuína sabedoria durante os sete dias de silêncio ao virem
compartilhar a dor de Jó. Mas, depois que começaram a falar, não mais se
contiveram. Muito do que disseram era óbvio, algumas afirmativas eram até verdadeiras.
Porém em relação ao sofrimento, estavam todos na escuridão tanto quanto Jó.
Quando Deus finalmente falou (Jó 38.1-41.34), Ele silenciou a todos.
Dos quatro amigos
que visitaram Jó, Eliú foi o mais centrado, que mais se aproximou da verdade.
Ele encorajou Jó a olhar para além das circunstâncias e confiar no SENHOR. Não
sabemos qual foi a resposta de Jó a Eliu, pois Deus se pronunciou logo depois
deste jovem. Atentemos para as palavras de Eliú, pois somente ele escapou da
reprovação de Deus. Deus ordenou aos outros três se arrependerem e se
desculparem com Jó (42.7-11).
A avalanche de
acusações e reprovações de seus amigos pesaram e constrangeram a Jó. Com sutil
sabedoria, Eliu mostra a Jó que ele havia enfatizado demais sua própria
justificação (Jó 33.7-8). Ele retoma os clamores de Jó sobre sua virtude
pessoal (Jó 33.9) e suas alegações quanto à injustiça de Deus (Jó 33.10-11).
Mas, então, Eliú lembra ao seu amigo mais velho que o relacionamento de Deus
com a humanidade não é mecânico (Jó 33.12-18). Nós adoramos, obedecemos, amamos
e conhecemos Deus até certo ponto, somos limitados aos nossos sentidos. Deus,
porém, está muito acima de nossa plena compreensão. Quando estamos vivendo sob
o calor da dor e sofrimento, nos esquecemos de que “tudo coopera para o bem dos
que amam a Deus”. Eliú faz uma leitura da situação e de maneira simples a
define: “Maior é Deus do que o Homem” (Jó 33.12). A criatura não pode contender
com o Criador.
Depois de desafiar
Jó com brandura, Eliú caminha para o ponto principal. Se um mensageiro nos
apresentasse a Deus (Jó 33.23), ele não o faria com o objetivo de nos dar
oportunidade de nos justificar diante Dele. Quanto mais olhamos para nós
mesmos, mais percebemos nossa pequenez diante Dele, nossa necessidade da graça
e misericórdia, do perdão; maior é a possibilidade de oferecer a Deus apenas
desculpas, justificativas e explicações. Quanto mais olhamos para a glória de
Deus e sua justiça perfeita, mais inclinados estaremos a nos prostrarmos,
cairmos de joelhos em profundo e silencioso arrependimento. Foi exatamente isso
que aconteceu no final da história de Jó: “Eis que sou vil; que te responderia
eu? A minha mão ponho à boca” (Jó 40.4).
Eliú atribuiu ao “mensageiro”
outros nomes: “intercessor”, “resgatador”, “alguém capaz de redimir” (Jó
33.23-24). Eliú não estava descrevendo sua própria atuação na situação de Jó, ele
tentava reconduzir a atenção de Jó novamente para Deus. Em seu caminho para a “cova”
(Jó 33.22), as pessoas necessitam de algo além da meras palavras: precisam de
alguém que possa resgatá-las. Reconhecermos que somos pecadores, egoístas,
mesquinhos, maus, blasfemadores, injustos não é o suficiente para nos salvar.
Esta percepção, insatisfação, simplesmente nos prepara para aceitar, buscar ou
rejeitar, recusar a oferta de salvação de Deus. Admitir nosso pecado é um passo
importantíssimo em direção à salvação, mas não chegaremos lá até que aceitemos
o resgate: JESUS. Ele é o “um entre milhares” (Jó 33.23), o único que nos
mostra, conduz e nos concede a justiça de Deus (Jó 33.26).
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