Pois da mesma forma que
julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para
medir vocês.
Mateus 7.2
As discriminações contra
os muçulmanos infelizmente afloraram depois do 11 de setembro de 2001. O
anti-semitismo se expandiu em diversas sociedades, tornando-se um barril de
tensões, prestes a explodir. O terrorismo, em suas diversas formas, e a
ditadura do consumismo e da estética criaram raízes. Uma pessoa que tem
maturidade intelectual e emocional não deve abrir mão do que pensa, mas deve
dar aos outros o direito de pensarem contrariamente às suas idéias. Não deve
deixar de falar sobre as verdades em que acredita a respeito de Deus e de sua
religião, mas deve aprender a expor, e não impor, suas idéias. Quem impõe suas
idéias, ainda que estas sejam excelentes, é intelectualmente uma criança, e não
um adulto maduro. Se não nos apaixonarmos pela humanidade, se não lutarmos pela
espécie humana, se não incluirmos, tolerarmos e amarmos, estaremos fora dos
padrões do Nosso Pai Celestial. Certa vez Jesus falou de dois homens que se
dirigiam a Deus. Um era um brilhante religioso, tinha um currículo espiritual
invejável, jejuava, orava freqüentemente e dava ofertas para sua igreja. O
outro era um miserável, religiosamente deplorável, saturado de erros. Além disso,
não sabia orar e reverenciar a Deus. Apenas batia no peito pedindo compaixão
diante de sua miserabilidade. Após esse relato, Jesus propôs uma questão mais
complexa do que a do ilustre Kierkegaard. Qual dos dois homens dessa
perturbadora parábola Deus ouviu? Uma pesquisa mundial provavelmente seria
unânime em apontar o religioso, por ser mais ético, sensato e coerente. Mas, nós analisamos,avaliamos
comportamentos, Deus sonda pensamentos, avalia a consciência existencial e as
intenções ocultas. Para perplexidade dos ouvintes, Jesus afirmou que Deus
aprovou e exaltou o miserável. Essa avaliação nos parece loucura. É como se um
professor desse a nota máxima a um aluno que errou a prova inteira e zero para
quem acertou todas as questões. O religioso da parábola de Jesus não tinha
contato com as próprias fragilidades, inseguranças, incoerências e estupidez.
Ao contrário, ele se auto-exaltava, considerando-se acima dos mortais.
Certamente era mais um que excluía os outros por não se encaixarem nos seus
dogmas nem nos preceitos de sua religião. Aos olhos de Jesus, ele adorava o
Deus verdadeiro, mas seu coração era falso. Por outro lado, o miserável tinha
consciência de suas falhas, coragem para olhar no espelho da própria alma e
assumir sua arrogância, agressividade e fragilidade. Porque era fiel à sua
consciência, foi honesto no único lugar em que não se admite ser falso: dentro
de si mesmo. Assim, ele tocou o coração de Deus. Para Jesus, seu Pai não é uma
figura mitológica ou uma representação do imaginário humano. Ele é concreto,
real e procura pessoas puras de espírito, para construir uma história real e
não falsa. Ele cicatriza as feridas dos desprezados, aproxima os ricos dos
carentes, revela que os puritanos podem ser mais impuros do que os que são
considerados escórias da sociedade.
“Ele ergue do pó o
desvalido e do monturo o necessitado e o faz sentar-se junto aos príncipes”...(Salmos
113.7-8).
Nenhum comentário:
Postar um comentário