Para Jesus, cada pessoa,
independentemente de sua raça ou cultura, era especial. Jesus analisou o conjunto das obras de Judas. Sabia
que ele não planejara a traição com muita antecedência. Por isso o preço que recebeu
para trair seu mestre foi baixíssimo, o valor de um escravo. Um homem culto, da
linhagem dos zelotes, não trairia o mais espetacular dos
homens por preço tão desprezível.
Diante da
generosidade oferecida por Jesus, Judas ponderou e caiu em si.
Infelizmente, ao invés de usar seu erro para crescer, como fez Pedro depois de
negar Jesus, foi dominado por um forte sentimento de culpa.
Se observarmos,
podemos dizer que o evangelho segundo Judas, há algum tempo comentado
largamente na imprensa, e que o retrata como um herói que contribuiu
conscientemente para levar Jesus ao sacrifício, é uma ficção. Não tem
fundamento, pois é
incompatível com a
história do próprio Judas.
Jesus acolheu Judas,
queria protegê-lo, mas Judas foi implacável consigo mesmo, não perdoou a si próprio.
Quando o sentimento de
culpa é dosado, ele estimula a reflexão. Mas quando é intenso, como nesse discípulo, encarcera a emoção, aprisiona o eu, esmaga a auto-estima.
Considerando-se o último
dos homens, Judas sentiu-se indigno de continuar sua história. Suicidou-se.
Ele procurou em
Jesus um libertador externo, mas o Mestre queria libertar o ser humano interiormente.
Judas queria dominar, Jesus queria se doar. Judas tinha sede de poder, Jesus propagava o amor. O discípulo decepcionou-se com o mestre. Ambos pisaram o
mesmo solo, mas viveram em mundos diferentes, totalmente opostos.
A história ainda se
repete. Pessoas maravilhosas dividem o mesmo espaço, mas não dividem
sentimentos. Falam sobre tudo, mas não sobre si mesmas. Admiram-se, mas são
estranhas umas para as outras. Jesus tentou abraçar seu
discípulo, mas ele não o permitiu no momento
mais difícil da sua história.
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