sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Amargura

Negra e fria, a amargura nega um escape fácil. Suas laterais são escorregadias de ressentimento. O assoalho enlameado de ira silencia os pés. O odor malcheiroso da traição enche o ar e queima os olhos, tolhem a visão. O horror do abandono e do vício sufoca e impede a voz de clamar, chafurda a mente impedindo de orar.  A densidade espessa e escura do ambiente impede a propagação do som e do ouvir. O descaso e o anonimato trás a convicção da incapacidade e impotência da vã existência. Uma nuvem de autocomiseração bloqueia a visão da minúscula saída acima.
Entre e dê uma olhada nos prisioneiros. As vítimas estão acorrentadas às paredes. São vítimas da traição; vítimas do abuso; vítimas do governo; do descaso, do sistema; do vício; do conformismo; do exército; do consumismo; do engano; da cegueira; da ilusão; da vaidade; do erro; do mundo. Erguem as cadeias enquanto levantam a voz de lamento.
Choram, reclamam, esbravejam, rosnam...estão bravas com aqueles que conseguiram o que elas não puderam. Estão zangadas. O mundo está contra elas...o mundo aplaude os que tem algo para dar, para oferecer e já não é o seu caso; só há alguém que diz:
"Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”(Mateus 11.28).
Podemos escolher como muitos, acorrentar-nos à nossa mágoa, nossa frustração. Ou podemos também como muitos escolher pô-las de lado, antes que se tornem ódio. Podemos escolher irmos à festa. Temos um lugar reservado nesse evento, onde nosso nome acha-se diante de um talher e de um assento.
Se somos filhos de Deus, ninguém pode tirar-nos a filiação. E isto é precisamente, o que o pai disse ao filho mais velho: “ Filho, você está sempre comigo, e tudo o que eu tenho é seu...”
E é exatamente o que o Pai nos diz. Como Deus lida com nosso coração amargurado? Recorda-nos de que o que temos é mais importante do que aquilo que não possuímos.
Por mais difíceis que sejam as adversidades e lutas que enfrentamos, elas nos promovem, nos adestram para o combate e ainda temos o nosso relacionamento com Deus. Ninguém, nada pode tirar-nos isto.

“Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória”. 
“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada”.
Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”
...“Mas, em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.”      
(Romanos 8.17-18;35;37)

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